Jornalista Amanda Coutinho comenta sobre o fim da obrigatoriedade do uso de máscara no Rio Cleber Mendes/Agência O Dia

Rio - Os cariocas podem tirar a máscara do rosto em ambientes fechados depois de quase dois anos. Na estação General Osório do metrô, Ipanema, na Zona Sul do Rio, o fim da obrigatoriedade do uso de máscara dividiu opiniões entre os passageiros. Alguns se sentem tranquilos para deixar de usar, já outros pensam que a decisão foi precoce e continuarão utilizando. Esse é o caso da jornalista Amanda Coutinho, 34 anos. Ela soube da notícia dentro do transporte público e manteve a máscara no rosto.
"Acabei de ler no metrô sobre a postagem do prefeito. Acho precoce liberar totalmente a obrigatoriedade, principalmente em locais fechados, já que nos locais abertos já estava permitido. Acabamos de ter 4 dias de Carnaval. Houve festas, houve Carnaval de rua. Podiam esperar um pouquinho mais para gente ver se vão manifestar mais casos de covid-19. Depois, voltar de maneira gradual. Acredito que isso vai ser individual. As pessoas que se sentem desconfortáveis vão tirar de imediato. Outras, como eu, vão permanecer até se sentirem totalmente confortáveis", opinou a jornalista.
Já os autônomos Bruno Navegas, 27 anos, e Richard Melo, 20, ficaram felizes com a decisão. O primeiro contou que só utilizava quando se sentia em ambiente de risco e o segundo manifestou cansaço em relação à utilização obrigatória. "Tem alguém que queira continuar usando? Só se for louco!" Outro que ficou satisfeito foi o pintor Paulo Martins, 62 anos. Ele afirmou que não gostava de usar porque não tinha a sensação de estar protegido. Mesmo assim, mantinha o uso em locais que eram obrigatórios.
Também tem aqueles que concordam com a decisão, mas continuarão com a máscara no rosto. Mariana Guimarães, 27 anos, é professora formada em Educação Física e trabalha em um academia. Ela costuma ouvir reclamações dos seus alunos, mas vai continuar usando em sua rotina.
"Eu concordo. A maioria das pessoas já estão vacinadas. Vai ser ótimo em relação a evolução que estamos tendo. Por trabalhar em academia, vejo muitas pessoas reclamando que atrapalha no rendimento do treino. Então, acredito que, como muitas pessoas já estão vacinadas, não tem mais o que fazer. Eu moro em Japeri e muitas pessoas já não usavam máscara lá. Aqui, eu sentia mais diferença. Estou acostumada porque na academia é obrigatório. É hábito, vou continuar usando!"
A liberação nos ambientes abertos já havia sido decretada no estado do Rio em outubro. Dessa maneira, o fotógrafo Caio Ribeiro, 19 anos, já tinha voltado a frequentar esses locais, onde se sentia seguro. Entretanto, não acredita que isso valha para os outros lugares. "Ainda acho necessário em locais fechados. Também acho que a vacina está fazendo efeito e o povo está melhorando. Se fosse para ficar mais tempo usando a máscara, eu concordaria. Não curto, mas acho necessário. Eu não tenho usado máscara em locais de natureza abertos."
Estabelecimento pede que clientes mantenham o uso
O restaurante Carretão, também localizado na Praça General Osório, já não obriga mais o uso das máscaras para os clientes. Um dos atendentes contou que uma senhora chegou no local mostrando a notícia. De qualquer forma, o gerente Flavio Pasqueti, 50 anos, continuará pedindo que o público as utilize no local.
"Acho cedo. Eu, particularmente, vou continuar usando para me proteger e incentivar as pessoas que vierem para que eles continuem também. Obrigar a continuar usando, a gente não pode, mas vamos incentivar o uso, inclusive os funcionários", disse Flavio. Ele também comentou que muitos já tiravam a proteção do rosto logo quando chegam. "O pessoal que entra, já vai tirando. Para termos um controle, temos que ficar em cima. Agora, vai ser ainda mais difícil por estar liberado. Enfim, vamos continuar incentivando o uso para que a gente se sinta mais protegido", afirmou.
O guia de turismo Leandro Martins, 47 anos, estava almoçando no local e deu sua opinião sobre a liberação. Ele mora em Caxias, onde um decreto já determinava a mesma decisão desde sexta-feira (4). Mesmo com o fim da obrigatoriedade, Leandro acredita na importância de manter uso da máscara.
"Acredito que é preciso ter respeito com todos. Precisamos de prudência, principalmente nesse novo recomeço. Acredito que está sendo um pouco antecipada essa liberação. Vou continuar usando em respeito aos meus passageiros e o público que eu atendo, principalmente em locais fechados", opinou o guia turístico. 
Outro cliente que estava no restaurante era o comissário de bordo Marco Silva, 54 anos. Ele teve covid-19 em outubro de 2020 e teve problemas de saúde por conta da doença. Por isso, continuará utilizando para se proteger.
"Acho que ainda está um pouco cedo, porém não posso obrigar as pessoas a fazerem o que eu penso. Devido a minha profissão, por viajar o tempo inteiro, acredito que as pessoas deveriam continuar usando máscara porque é uma forma de proteção. Agora, não posso obrigar ninguém a seguir o que eu penso. Minha opinião é que as pessoas ainda deveriam utilizar a máscara durante um tempinho a mais para ter certeza de que estamos um pouco mais protegidos até essa confusão acabar."
Flexibilização na cidade do Rio
O Comitê Científico da Prefeitura do Rio aprovou a flexibilização da medida de proteção em ambientes fechados a partir desta segunda-feira (7). Sendo assim, o uso de máscaras não é mais obrigatório nesses locais. Entretanto, a apresentação do comprovante de vacinação ainda será necessária até que 70% da população adulta tome a dose de reforço da vacina. A determinação foi publicada em edição extra do Diário Oficial.
De qualquer forma, os especialistas do comitê orientam que mantenham a utilização da proteção em locais fechados, as pessoas imunodeprimidas, com comorbidades de alto risco, com sintomas gripais e não vacinadas, inclusive as crianças.
A obrigatoriedade da utilização das máscaras entrou em vigor no dia 23 de abril de 2020, com base em um decreto do então prefeito Marcelo Crivella. Após quase dois anos, os cariocas poderão circular por toda a cidade sem a proteção.
* Estagiário sob a supervisão de Tamyres Matos