Rio - O vereador Gabriel Monteiro (sem partido) foi acusado de abuso sexual por três mulheres. Uma das vítimas contou ao Fantástico, da Rede Globo, que o parlamentar chegou a ameaçá-la com uma arma apontada contra a cabeça dela. Duas das mulheres, que não quiseram se identificar, contaram que os episódios de abuso sexual cometidos pelo parlamentar aconteceram quando ele ainda era da Polícia Militar do Rio. Na época, uma das vítimas tinha apenas 16 anos.
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A vítima, que era menor de idade na época do abuso, relatou ao programa que foi convidada a uma festa na casa de Monteiro. Quando chegou no local, viu uma mulher sendo espancada pelo parlamentar, que também teria sido convidada para a comemoração na casa dele. Depois que a situação ficou mais calma, eles fizeram um lanche e ele as convidou para fazer sexo a três.
"Ele foi e falou: vamos para o quarto. Eu falei: eu não quero. Vamos, vai ser legal, por favor, por favor. Aí ela veio também, me chamou e eu fui. Com medo, porque ele tinha acabado de tentar matar ela na minha frente. Eu fui", lembrou.
Outra vítima afirmou que sofreu abusos pelo parlamentar em 2017, quando Gabriel Monteiro ainda fazia parte da PM. Por ter crescido com o parlamentar, a mulher contou que ficou surpresa com o abuso. “A gente sempre frequentou as mesmas festas na adolescência. E decidimos ficar. Logo depois, nós dois decidimos ir pro carro dele que estava do lado da casa de festas. Estacionado. E começamos o ato sexual, até então consentido, porém, até um certo momento em que ele começou a me dar tapas, socos, a me filmar com o telefone", relatou a vítima, que continuou:
"O tempo inteiro eu empurrava o celular, mas ele, mesmo assim, me filmava, tentava filmar minhas partes e meu rosto. Eu comecei a gritar muito e ele pegou a arma e colocou a arma no freio de mão. Próximo ao freio de mão. E eu comecei a me debater, me debatia. Só que ele conseguiu fazer a penetração, tudo, sem camisinha. E, um certo momento, ele colocou a arma na minha cabeça mandando eu ficar quieta".
Uma terceira mulher contou que conheceu Gabriel Monteiro em um aplicativo de relacionamento. Os dois mantiveram relações consensuais até o momento em que o vereador do Rio se negou a usar o preservativo, prática considerada por lei como estupro. "Antes do ato em si, ele disse que não iria por o preservativo. E eu questionei, falei: ‘você tem que colocar, sim, o preservativo'. Nessa hora, ele simplesmente ignorou tudo que eu tinha falado e começou a relação sexual", disse a outra vítima.
Em depoimento, uma mulher, que preferiu não revelar sua identidade, afirmou ter tido relações, a princípio consensuais, com Gabriel, mas que depois de um tempo, segundo ela, passaram a se tornar estupro, pois ele usava força, a deixando sem ter como sair da situação.
"Teve um momento que ele usou força. Me segurou e foi com tudo. Me deixou sem saída. Eu pedindo para ele parar, ele não respeitou o momento em que eu pedi para ele parar. E ele rindo, 'é uma brincadeira. Não leva a sério, não. Não fica chateada".
A Comissão de Ética da Câmara do Rio deve tomar uma decisão sobre a conduta do parlamentar. Na última terça-feira, sete titulares e dois suplentes discutiram sobre as acusações contra o ex-PM por assédio sexual e moral. O presidente do Conselho de Ética Alexandre Izquierdo (DEM) disse, durante o encontro, que entende que são denúncias graves e que junto com sete titulares e dois suplentes, decidiu que iria analisar todos os elementos e provas que foram divulgados sobre o caso.
"Vamos acompanhar de forma tranquila, sem açodamentos [precipitações]. Também iremos coletar dados com o Ministério Público (MP) e com a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam). Durante esses dias, o Conselho de Ética vai se reunir para ver se irá ter uma representação contra o vereador Gabriel Monteiro ou não. Essa é a nossa decisão. Não foi unânime, mas foi por maioria", afirmou.
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