Moradores fizeram a leitura dos nomes das pessoas que morreramArquivo

Rio - Cerca de 200 moradores do Jacarezinho se manifestaram, nesta sexta-feira, dia em que completa um ano da operação policial que causou a morte de 28 pessoas na comunidade da Zona Norte do Rio. A marcha, organizada pelo Observatório Cidade Integrada, marcou o início de um memorial em nome das vítimas da ação da Polícia Civil.
Após a marcha, moradores da comunidade fizeram a leitura de todos os nomes das pessoas que morreram durante a operação. Na manhã deste sábado, o grupo ainda vai se encontrar para promover um mutirão de grafite no Jacarezinho. O ponto de encontro é a quadra da Unidos do Jacarezinho.
Neste um ano, mais da metade das investigações do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) foram arquivadas. Das 13 denúncias, dez envolvendo a morte de 23 pessoas foram arquivadas, mas podem ter o desarquivamento solicitado em até 20 anos em caso de novas informações.
No momento, apenas uma ação segue em andamento. Trata-se de uma denúncia enviada nesta quinta-feira (5) pelo MPRJ envolvendo os policiais civis Amaury Godoy Mafra e Alexandre Moura de Souza pelo homicídio doloso de Richard Gabriel da Silva Ferreira e Isaac Pinheiro de Oliveira. Os agentes também são acusados de fraude processual (na forma prevista pela Lei de Abuso de Autoridade) e de forjar o cenário do crime.
Na denúncia, a Força-Tarefa que atua nas investigações das mortes e demais delitos ocorridos em operação (FT-Jacarezinho/MPRJ) requereu ao 2º Tribunal do Júri da Capital o afastamento dos policiais de suas funções públicas, no que diz respeito à participação em operações policiais, além de medidas cautelares. Segundo a Ação, o crime aconteceu quando os policiais civis entraram na residência onde Richard e Isaac estavam abrigados, após já terem sido baleados durante a troca de tiros.
"Apesar de serem alertados de que não existiam reféns, tanto que não houve oposição à entrada e nem rota de fuga dos traficantes, Amaury e Alexandre encurralaram as vítimas em um cômodo vazio e efetuaram diversos disparos. O laudo pericial feito no local atestou ausência de vestígios de conflito. Ainda de acordo com os fatos narrados, no mesmo dia do ocorrido, os denunciados registraram na Delegacia duas pistolas, dois carregadores e uma granada, alegando falsamente que foram recolhidos com Isaac e Richard, em uma tentativa de se eximirem da responsabilidade pelos assassinatos", diz um trecho da denúncia enviado ao Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). A denúncia foi protocolada à Justiça e aguarda o recebimento do TJ.