Armas, fardas e dinheiro foram encontrados na casa de Badaró, segurança de milicianoDivulgação
Arsenal é encontrado com policial que recebia miliciano em casa
Um dos alvos de operação realizada nesta sexta, Alcimar Badaró Jacques, o Badaró, fazia escolta armada para Garça e inclusive marcava reuniões com o criminoso em sua residência
Rio - Chamado carinhosamente de 'Bada' pelo miliciano Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça, o policial penal Alcimar Badaró Jacques, um dos alvos da Operação Heron, deflagrada nesta sexta-feira, dia 20, escondia um arsenal em casa: foram encontradas com ele pelo menos cinco pistolas e uma arma longa. As equipes da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) também acharam facões e fardas, e uma blusa do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Pelo menos sete pessoas já foram presas na operação, que visa cumprir 11 mandados de prisão.
Uma quantia em dinheiro, separada em pelo menos 11 montinhos volumosos de notas de R$ 100, também estava no interior de sua residência. E era nela que o policial se encontrava com Garça, conforme diálogos obtidos pela reportagem, para debater a segurança privada do miliciano. Badaró se referia ao criminoso como "empresário".
No dia 16 de fevereiro de 2021, Garça pede a Badaró por valores de VIP (segurança privada), já que ele estava participando de muitas reuniões. O agente público diz a Garça para que o deixe resolver, pois "se ele (miliciano) é empresário, será até o final". O miliciano responde, então, que sentiu "firmeza na dinâmica de trabalho". O policial penal solicita que Garça vá até a sua residência para ambos conversarem.
Garça chega a elogiar outra segurança que Badaró fez: "Eu observo tudo, as técnicas usadas", disse.
Em outro diálogo, Badaró aponta que Garça possuiria influência dentro do sistema penal. "O amigo (não identificado) já foi orientado a fazer tudo que o Marcelo (também não identificado) mandá-lo fazer. (...)Tudo que for pedido pela nossa organização, será feito sem hesitar", disse o policial ao miliciano.
Na época, Garça era o terceiro na hierarquia da milícia então comandada por Wellington da Silva Braga, o Ecko. O chefe da milícia foi morto quatro meses depois, em operação policial. Informações policiais dão conta de que Garça também teria sido morto, dez dias antes de Ecko, pela própria quadrilha.
No entanto, como o óbito de Garça nunca foi confirmado, ele também é alvo de mandado de prisão da operação desta sexta-feira.
Alvos
Entre os alvos, além de Garça, há um tenente, um capitão e um sargento PM; já entre os policiais penais, seis são procurados. Um miliciano, sem cargo público, também teve mandado expedido. Um mandado de busca e apreensão é realizado na casa de uma delegada, casada com um policial penal: o nome dele consta em um mandado de prisão preventiva.
Até a última atualização da reportagem, tinham sido presos os agentes penitenciários André Guedes Benício Batalha, Alcimar Badaró Jacques, Ismael de Farias Santo, Wesley José dos Santos e Carlos Eduardo de Souza. Também foram realizadas as prisões do capitão da PM Pedro Augusto Nunes Barbosa e do tenente Matheus Henrique Dias França.
A ação conjunta do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) identificou uma rede de servidores públicos ligados ao miliciano Garça.
As investigações tiveram início pela Draco em fevereiro do ano passado quando, em outra operação para tentar prender Garça, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, cinco celulares foram apreendidos. Após análise dos dados, com autorização judicial, conversas via aplicativo de mensagem entre os servidores e o criminoso foram identificadas.
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