Cariocas lotaram Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, nesta quinta-feira, em busca de vacinasSandro Vox/Agência O Dia

Rio - Os casos confirmados de covid-19 no Rio de Janeiro mais que dobraram desde meados de maio. De acordo com o painel estadual de monitoramento, enquanto a semana epidemiológica 20, que analisou os dias 15 a 21 do último mês, registraram 6.245 infectados com doença, na 21, dos últimos dias 22 a 28, o número chegou a 15.639. Já na 22, que avaliou a semana de 29 a 4 de junho, foram contabilizados 23.974, e na 23, que começou a ser observada no último domingo (6) e se estende até o próximo sábado (11), já são 20.837.

Apesar do crescimento, o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, afirmou que é pouco provável que medidas restritivas mais rígidas sejam recomendadas pela pasta. Segundo o titular, impedir as altas taxas de positividade do novo coronavírus "é um cenário muito pouco provável" e a secretaria está focada em garantir assistência aos pacientes. Ele ressaltou ainda que a população deve adotar os meios para evitar contaminação e transmissão.

"Evitar altas taxas de covid é um cenário muito pouco provável, a gente viu o que aconteceu com a Ômicron. É um vírus de alta transmissibilidade. As pessoas devem adotar as medidas de precaução individual, como o distanciamento quando estiverem doentes. Mas é um vírus de difícil controle. É possível que a gente tenha, nessa época do ano, uma continuidade dessa transmissão. O que a gente tem que trabalhar é para evitar qualquer tipo de desassistência. Outras questões estão relacionadas ao comportamento individual, até porque, é muito pouco provável que a gente vá retroagir ao que era no início da pandemia, com lockdown."

Nesta semana, municípios do interior e Região Metropolitana voltaram a recomendar o uso de máscaras. Também devido aos crescimento na taxa de positividade, as sessões do espetáculo "Bibi - uma vida em musical", que aconteceria nesta sexta-feira (10), sábado (11) e domingo (12)) no Teatro Riachuelo, no Centro do Rio, foram remarcadas. Uma publicação nas redes socias da peça afirma que a produção decidiu adiar a temporada para o período de 17 de junho a 31 de julho, "devido ao grande aumento de contaminação por covid-19".

"Estamos deixando a cargo das Secretarias Municipais de Saúde, cada uma delas sabe a sua realidade e sabe que medidas podem ser efetivas por conta do conhecimento da população. Não adianta a Secretaria Estadual de Saúde tomar uma medida que não vai ser in loco. Nós respeitamos a decisão individual do uso de máscaras e respeitamos a decisão de cada município e instituição em relação às medidas restritivas."
Entre as medidas adotadas pelas SES para evitar desassistência, está a abertura de leitos e a distribuição de testes para as Secretarias Municipais. Na última segunda-feira (6), foram revertidos dez leitos para internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e no último sábado (4), 30 para enfermaria no Hospital Dr. Ricardo Cruz, o hospital modular de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A SES conta com um plano de contigência da covid-19 e a abertura de mais vagas depende do cenário epidemiológico da cidade. 

"Esse plano de contingência prevê, dentre várias coisas, a transformação gradativa de leitos em leitos de covid. Essa transformação tem que ser feita com muito cuidado, porque as pessoas precisam de leitos. Não adianta transformar em leito de covid, se os leitos ficarem vazios. Na medida que vai havendo necessidade, a gente vai transformando. Nós transformamos agora 40 leitos no Hospital Modular de Nova Iguaçu, temos condições de transformar mais 40, se for necessário. Temos alguns outros hospitais nossos que a gente pode também transformar leitos. Existe uma perspectiva de transformação gradual, na medida que vai tendo necessidade", explicou Chieppe.
Na última sexta-feira (3), a Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde (SVAPS) enviou nota técnica aos 92 municípios alertando para que as unidades básicas e de pronto atendimento mantenham a oferta de teste rápido de antígeno para todos os casos de síndrome gripal. A SES recebeu ontem, cerca de 450 mil testes de antígeno, que serão distribuídos às cidades que solicitarem. 
"A gente está abastecendo todas as secretarias municipais de Saúde. Se houver necessidade, se a demanda for maior do que a oferta garantida pelas secretarias municipais de saúde, nós temos um plano que pode incluir a reabertura de centros de testagem. Mas, nesse momento, a gente não foi provocado por nenhum município e não viu necessidade ainda."

Apesar do crescimento da contaminação por covid-19, o número de casos graves e óbitos ainda é considerado baixo, o que vem sendo atribuído a alta cobertura vacinal do estado. Até o momento, há 80% da população acima de 5 anos e 89% acima dos 12 com o esquema primário completo. O primeiro reforço foi aplicado em 6.355.086 pessoas e o segundo em 240.538. O secretário ressaltou a importância da vacinação para manter os sintomas leves e a baixa ocupação de leitos.
"A gente tem uma ferramenta importante na mão para evitar casos graves e óbitos que é a vacinação. O Brasil avançou muito na oferta de vacinas, hoje a vacina está disponível, inclusive como segunda dose adicional já para as pessoas com mais de 50 anos, mas tem pessoas ainda que sequer tomaram a dose de reforço. É fundamental que as pessoas se imunizem completamente para evitar casos graves e óbitos. Não é admissível que a gente com vacina disponível e vírus circulando em alta atividade, ainda tenha pessoas que não estejam adequadamente vacinadas."