Vereadora Benny Briolly (PSOL) e vereador bolsonarista Douglas Gomes (PTC) discutem em manifestação na entrada do Plaza Shopping, em NiteróiDivulgação

Rio - Os vereadores de Niterói Benny Briolly (PSOL) e Douglas Gomes (PL) se envolveram em uma confusão, na noite de terça-feira (14), em frente ao Plaza Shopping, em Niterói, durante uma manifestação motivada pela mudança de local da exposição LGBTQIA+ do artista Diego Moura. As artes intituladas "Abecedário da diversidade" foram retiradas do corredor principal do shopping, após o vereador bolsonarista, Douglas Gomes, pré-candidato a deputado estadual pelo PL, publicar em suas redes sociais um vídeo criticando a exposição. As agressões verbais contra Benny serão investigadas pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam).
A manifestação na entrada do centro comercial foi iniciada pela vereadora de Niterói e contou com a presença de diversos movimentos da causa LGBTQIA+. Em meio a palavras de ordem contra LGBT+fobia e "apitaços", a manifestação seguiu de forma pacífica até a chegada de Douglas e seus assessores, que estenderam, no mesmo lugar que os manifestantes, a bandeira do Brasil e faixas com dizeres contra o movimento LGBTQIA+ e com mensagens de proteção as crianças: "deixem as nossas crianças".
Em vídeos, divulgados pela vereadora trans de Niterói, Douglas e seus assessores proferem frases com teor transfóbico. "Cuidado, homem não pode agredir mulher porque dá Maria da Penha", disse o vereador em tom de deboche. Também é possível ver nas imagens as assessoras do vereador dançando fazendo o sinal de arma. De acordo com Benny, uma das assessoras a chamou de "traveco" e insistentemente a chamou no masculino, negando sua identidade de gênero.
Veja os vídeos:
A vereadora, então, acionou a Polícia Militar para presenciar o flagrante por transfobia. Inicialmente, foi informado que a assessora seria conduzida à delegacia, mas isso não aconteceu. "Disseram que conduziriam a autora até a delegacia e que a vereadora também a acompanhasse, porém, após ameaça do vereador a dar voz de prisão ao policial por abuso de autoridade o mesmo não foi feito", disse a equipe da vereadora.
Benny Briolly imediatamente recorreu ao Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos (PEPDDH-RJ), ao qual é protegida, e o mesmo acionou um advogado do programa para acompanhá-la à Deam.
A Polícia Militar informou que equipes do 12ºBPM (Niterói) acompanharam uma manifestação nas imediações do centro comercial no Centro da cidade de Niterói, e não houve detidos.
Vereadora desabafa após atos transfóbicos
"Estamos vivendo o Brasil da impunidade. Os bolsonaristas seguem cometendo crimes de racismo e transfobia sem temer a lei e com a certeza da impunidade. Esse mesmo vereador é réu por transfobia e não é de hoje que ele me desrespeita na câmara e fora dela, promovendo ódio. A perseguição dele não é apenas ao meu corpo, ele já chegou a pintar de cinza um viaduto que homenageava um LGBT morto por transfobia, a sua única meta é atacar LGBT e disseminar ódio a qualquer custo. Semana passada foi o Diego, eu sou frequentemente alvo dele. Alguém precisa parar esse cidadão pois eles debocham da impunidade e enquanto não forem devidamente punidos, eles não vão parar. É por isso que Diego é censurado no Plaza, é por isso que um LGBT morre a cada 25 horas no Brasil, é através dessa política de morte que nos matam diariamente", desabafou. A vereadora afirmou que vai continuar na luta contra o racismo e a transfobia.
Benny também oficiou o Plaza Shopping cobrando explicações da censura da exposição LGBTQIA+. O artista censurado está recebendo assistência integral da Comissão de Direitos Humanos da Criança e do Adolescente.
O que diz o vereador Douglas Gomes
Através das suas redes sociais, Douglas se pronunciou sobre a confusão na entrada do shopping. "A turma colorida foi para a porta do Plaza fazer baderna após a exposição LGBT ser cancelada na área comum do shopping. Estive presente e deixei o meu recado", escreveu ele. 
A reportagem também procurou o parlamentar sobre os dizeres transfóbicos. De acordo com o vereador, Benny Briolly cometeu crime de denunciação caluniosa.
"É mais uma mentira e certamente, perderá na justiça novamente. A vida de Benny é pautada na mentira. Não consegue vencer no discurso e parte para a mentira. Uma militante que estava apoiando a exposição bateu na mão do meu assessor com violência. Benny faz discurso de ódio o tempo todo, chamou meu outro assessor de racista e minha assessora de "menina escrota". Reforço que meu posicionamento não é contra pessoas, mas contra o movimento LGBT que tenta impor sua ideologia a todos e quem discorda é taxado de homofóbico, transfóbico, racista", disse.
Posicionamento do Plaza Shopping
Segundo a direção do Plaza Shopping, a exposição "O Abecedário da Diversidade" segue aberta ao público, no 3º andar, com entrada gratuita "em local especialmente pensado para melhorar a experiência dos clientes, lojistas e colaboradores".
A direção também ressaltou a importância da exposição para o shopping. "A diversidade é um valor importante para o shopping. Censura e discriminação à causa LGBTQIA+ vão contra os nossos valores e aos próprios motivos que nos levaram a abrigar a exposição do Diego Moura".
Sobre a manifestação ocorrida na entrada do centro comercial na noite de terça-feira (14), o Plaza disse apoiar integralmente qualquer tipo de manifestação legítima e pacífica e se colocou à disposição para o diálogo, "a fim de acolher a todos da melhor forma possível". "O shopping é um espaço democrático acima de tudo e, por isso, diversidade é um valor importante para nós", finaliza a nota.