Carolina, Keley, respectivamente, e um homem, foram presos pelo crimeReprodução
Presas por espionar batalhões usavam câmeras de imóveis para monitorar deslocamento de policiais
Equipamentos ficavam em apartamento alugado por suspeitas próximo ao Bope e em depósito de gelo de fachada em frente ao BPChoque
Rio - As duas mulheres que foram presas nesta terça-feira (21) por espionar a Polícia Militar usavam câmeras de segurança de imóveis próximos aos Batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope) e de Choque (BPChoque), em Laranjeiras e na Cidade Nova, respectivamente, para monitorar as tropas especiais da corporação. Carolina Teixeira da Silva e Keley Cristina Domingos dos Santos informavam em tempo real a movimentação das equipes para facções criminosas e grupos de milicianos.
De acordo com a PM, uma das câmeras, que estava direcionada para o Bope, pertence a um prédio residencial, na Rua Pereira da Silva, no bairro da Zona Sul, onde as criminosas haviam alugado um apartamento para acompanhar a rotina dos policiais. Segundo a Polícia Civil, agentes da 21ª DP (Bonsucesso) estiveram no local e descobriram que o aparelho havia sido retirado. Os policiais solicitaram imagens do condomínio, que já estão sendo analisadas.
Também na ação de ontem, policiais militares prenderam um suspeito de envolvimento no crime nas imediações do apartamento de Laranjeiras. O outro equipamento foi encontrado na Rua Frei Caneca, em frente ao BPChoque. Segundo uma testemunha, que reconheceu uma das mulheres, o espaço foi alugado para ser usado como um depósito de gelo de fachada, para que ela pudesse observar os militares. A câmera foi apreendida e encaminhada para a distrital.
Segundo o porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Ivan Blaz, a corporação já suspeitava do monitoramento dos criminosos. Além dos batalhões, o Grupamento Aeromóvel (GAM) também era alvo dos bandidos.
"Nós já lidavamos com essa possibilidade de que nossas tropas de operações especiais estivessem sendo monitoradas, dado os resultados de algumas operações que nós iniciamos. Quando os nossos setores de inteligência começaram a adotar contramedidas para que pudéssemos coibir esse monitoramento, nós tivemos um resultado positivo. (...) Ficou configurado toda essa associação para o tráfico de drogas, esse serviço prestado ao crime. Então, já lidamos, sim, com a possibilidade real de que a saída do Batalhão de Choque, do Batalhão de Operações Policiais Especiais e, também, quando uma aeronave do GAM levanta voo, seja em Niterói, seja na Lagoa, as quadrilhas já possam estar se comunicando para esse monitoramento".
O caso
Carolina e Keley foram presas na manhã de ontem, quando seguiam viaturas do Bope em um automóvel branco. A dupla acompanhou o deslocamento dos policiais desde que saíram do quartel, na Zona Sul, com destino à comunidade de Manguinhos, na Zona Norte, para uma ação de apoio a militares da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP). Mesmo tendo desviado o percurso diversas vezes, os PMs continuaram sendo acompanhados pelo carro.
Eles foram seguidos até o Batalhão da Coordenadoria de Operações Especiais (COE), em Ramos, na Zona Norte. Houve uma abordagem do veículo e os PMs encontram seis celulares. Um dos aparelhos fazia uma transmissão ao vivo da movimentação das viaturas. As duas mulheres foram levadas para a 21ª DP. Carolina é esposa de um policial militar que está preso.
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