Giovanni Quintalla Bezerra, médico anestesista preso em flagrante por estuproReginaldo Pimenta / Agência O DIA

Rio - Novos relatos de vítimas do anestesista preso por estupro surgiram neste domingo (17). Em depoimento, o marido de uma das vítimas relatou que a mãe de sua mulher havia dito que a filha reclamou de ter voltado da sala de cirurgia, onde fez a cesárea, com gosto muito ruim na boca.

Em uma reportagem realizada pelo Fantástico, da TV Globo, o marido da segunda mulher a passar pela cesariana no dia da prisão relatou que tentou ter acesso à ela, por volta das 13h, mas só conseguiu ver a esposa às 19h. Segundo o homem, sua sogra havia dito que a filha falou coisas estranhas e que ele deveria saber, como o fato dela ter acordado com um gosto muito ruim na boca e que foi anestesiada além do comum. Ela foi acompanhada por Giovanni Quintella Bezerra de 31 anos.
Em outro depoimento, o marido de outra vítima contou que o médico pediu para ele deixar o local onde foi realizado o parto, junto com o bebê recém-nascido. "[Ele] pediu para 'mim' se retirar, porque ali, daquele momento ali, ia ser com a equipe médica. Aí naquele momento, eu me retirei junto com o técnico que saiu com meu filho. E dali eu não tive mais acesso à ela", relatou.

De acordo com a delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, responsável pelo caso, afirmou que o anestesista sedava as mulheres para se aproveitar.

"O agente se aproveita da vulnerabilidade da vítima. Esse estado de vulnerabilidade da vítima, nesse caso, é a sedação. Ela estava desacordada", disse a delegada.

Uma outra mulher, também vítima do anestesista, contou que reconheceu o médico após as acusações e procurou a delegacia. Segundo ela, ele teria atuado em sua terceira cesariana, onde teve uma sedação muito maior.

"Eu já não estava conseguindo falar mais, porque assim que ele saiu, eu já fui ficando mais mole, mais sedada. Aí ele falou que ia me dar uma anestesia geral. Tomei e não consegui mais lembrar de nada. Apaguei", contou a mulher. Ela ainda conta que não tem certeza sobre o ocorrido, mas a situação a incomoda bastante, por acreditar que pode ter sido vítima de estupro sem ter conhecimento disso.

Giovani é alvo de pelo menos seis denúncias até o momento, mas o número de vítimas pode ser maior, já que, só no domingo (10), quando foi preso, ele havia participado de três cesarianas.

Em depoimento, a mulher que passou pela primeira cirurgia de cesárea com o médico no dia da prisão contou que ele havia olhado para partes íntimas do seu corpo antes do procedimento.

"O roupão caiu e ela percebeu que o anestesista tinha olhado para seus seios e em seguida perguntado se ela estava com frio. A mulher acredita que o enfermeiro também tenha notado, porque pegou o roupão e jogou nos ombros dela", diz o documento.

Local do crime

A sala de cirurgia onde o crime aconteceu tem pouco mais de 30 metros quadrados. Todas são parecidas, mas o local onde Giovanni Quintella Bezerra foi gravado estuprando uma paciente é maior e a única que tem um armário de vidro escuro, onde a enfermagem escondeu o celular para gravar as cenas.

O aparelho teria sido colocado em frente ao anestesista e a cabeça da paciente, que estavam separados do resto da equipe por um lençol. A filmagem foi realizada após enfermeiros da equipe passarem a desconfiar das atitudes do anestesista, há cerca de um mês.


Vídeo tem mais de uma hora de duração

O compilado de imagens que capturaram o crime tem uma hora e meia de duração e só foi visto pelos enfermeiros da equipe ao término da cirurgia. De acordo com Maria Aparecida de Lima, gerente de enfermagem no Hospital da Mulher e chefe do grupo que gravou o estupro, disse que alguns procedimentos não puderam ser realizados por conta da sedação.

"E quando se verificou que a sedação era mais prolongada e a gente não conseguia atingir, justamente, o contato de pele com a criança para que a mãe pudesse observar esse filho e pudesse iniciar a amamentação da primeira hora de vida, eles começaram a estranhar", conta.

Giovani foi preso em flagrante no Hospital da Mulher de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Na última sexta-feira (15), a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).