O médico cirurgião Bolivar Guerrero foi preso na última segunda-feira (18) acusado de manter Daiana em cárcere privado no Hospital Santa BrancaReginaldo Pimenta/Agência O Dia
A informação foi confirmada pelo advogado da vítima Ornélio Mota. Daiana realizou uma abdominoplastia no início de março e precisou voltar em junho para se submeter a mais três intervenções. No retorno, contudo, o procedimento apresentou problemas e ela teve complicações com um dos pontos da barriga necrosado. Ela aguardava transferência há cerca de um mês. O cirurgião foi preso na última segunda-feira (18).
Ainda segundo o inquérito, Bolívar fez chantagem com Daiana para que ela não saísse do hospital. "Bolívar impede que a vítima seja transferida para qualquer outro hospital, possivelmente para tentar se safar da Justiça, corroborando haver cárcere privado da vítima, que vem sendo mantida isolada seja por chantagem do médico, que diz não usará mais a máquina de vácuo para drenagem da secreção expelida pelo corpo da vítima, talvez o que ainda a esteja mantendo viva", diz outro trecho do documento.
Ainda nesta quarta (20), o Tribunal de Justiça do Rio também decretou o bloqueio de R$ 198 mil dos bens do médico Bolivar Guerrero Silva e do Hospital Santa Branca. Segundo a decisão, o valor seria usado para pagar a transferência da paciente Daiana Cavalcante para um outro hospital particular. No entanto, o Hospital Federal de Bonsucesso liberou uma vaga para receber a vítima.
"Ressaltamos que jamais houve qualquer tentativa de mantê-la em nosso estabelecimento contra a sua vontade, bem como restringir a sua liberdade. Tais imputações são inverídicas, não correspondem a realidade. A todo momento a paciente teve prestado pelo hospital todos os cuidados devidos, bem como a presença de acompanhante e visitação diariamente, o que é facilmente provado através dos nossos registros de visita e acompanhantes e imagens das câmeras", disse.
“O meu trato com ele foi mastectomia total mas não foi feito e eu saí da cirurgia com queimação e muitas dores, não conseguia ficar deitada e nem em pé. Eu voltei nele e falei que tinha algo de errado porque os pontos estavam inflamados, mas ele foi muito grosso e rude comigo, falou que era coisa da minha cabeça, teve um dos pontos que ele arrancou bruscamente, ficou um buraco e infeccionou”, contou.
O médico ainda nega todas as acusações. Segundo a equipe de Bolivar, a paciente se negou a assinar um termo que a responsabiliza pela alta e que por isso não foi liberada.
”Ele não estava mantendo paciente nenhuma em cárcere privado, ela estava fazendo curativo e sendo assistida no hospital dele por ele, porém ela queria ser liberada sem ter terminado o tratamento e ele como médico seria imprudente de libero-la. Ele disse que poderio liberá-la se ela assinasse a alta à revelia (documento ao qual a paciente se responsabiliza por qualquer coisa que acontecer após sua liberação) e ela não quis assinar, ele disse que liberaria somente se ela o assinasse, como ela não assinou ele não liberou, pois o intuito dele é prestar toda assistência a paciente ate ela está recuperada”, informou.
A equipe reforçou ainda que a alta não poderia ser realizada porque a paciente estava com um curativo especial para acelerar a cicatrização, que só pode ser manipulado por pessoas capacitadas como técnicos em enfermagem ou enfermeiros.
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