Solange Mendes da Silva, de 49 anos, morta no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio Reprodução/Redes Sociais
Polícia ouve família de moradora morta no Complexo do Alemão
Moradores afirmam que Solange Mendes da Cruz, de 49 anos, foi baleada por policiais militares. Corporação nega a informação
Rio - A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) ouviu, durante toda a tarde desta sexta-feira (22), familiares da moradora Solange Mendes da Cruz, de 49 anos, baleada na localidade da Caixa d'água, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Segundo testemunhas, ela teria sido atingida por um tiro disparo efetuado pela Polícia Militar. A corporação nega a informação e afirma que os agentes não atiraram no beco onde Solange foi encontrada baleada. Após os depoimentos, parentes da mulher chegaram às 18h no Instituto Médico Legal (IML) para liberar o corpo. Eles prefeririam não falar com a imprensa neste momento.
A especializada informou ainda que outras diligências estão em andamento para apurar os fatos. Questionada se as armas dos policiais foram apreendidas para perícia, a Civil não respondeu. Também não foi informado se foi feito perícia no local.
O caso aconteceu na manhã desta sexta-feira (22), durante ação da Polícia Militar para a retirada de barricadas na região. Solange era conhecida como Solange das quentinhas e costumava vender refeições em uma pensão na região. Ela vivia no Beco do Borges, no Largo da Vivi, no interior do Alemão. A mulher chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Por volta das 17h30, o corpo da vítima ainda não havia chegado ao Instituto Médico Legal (IML). De acordo com o Hospital Estadual Getúlio Vargas, a família da moradora está sendo assistida pelo Núcleo de Atendimento à Família (NAF), com apoio de assistente social e da psicóloga da unidade.
Amigos lamentam perda
Através das redes sociais, amigos, clientes e vizinhos de Solange lamentaram a morte da cozinheira. "Uma pessoa muito maravilhosa, ela não merecia isso que aconteceu com ela que Deus conforte o coração dos familiares'.
"Sempre que comprava quentinha com ela, ela perguntava como meus filhos estavam....dizia que eles eram lindos, e o tempo passou rápido, pois ela me viu grávida no meu antigo trabalho, e hoje minha filha está com 4 anos, e o meu segundo filho, ela só ia embora quando a gente passava... E ficava encantada! Uma ótima pessoa, falava com todos... Enfim, que ela descanse em paz e que as famílias sejam confortadas pelo Espírito santo", escreveu uma cliente da moradora.
A paróquia onde Solange congregava publicou nota de pesar pela morte da moradora. "Hoje é um dia triste para nossa comunidade paroquial. Solange Mendes parte da vida terrena para os braços do pai. A vida dos justos irmãos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá. Dai-lhe, Senhor, repouso eterno e brilhe para ela a vossa luz", compartilhou a página da Paróquia São José, de Ramos, no Facebook.
Quarta operação mais letal do estado do Rio de Janeiro
Durante a manhã e tarde de quinta-feira (21), as polícias Militar e Civil realizaram uma operação no Complexo do Alemão que deixou 17 mortos, sendo 15 considerados suspeitos e dois inocentes. Com a morte de Solange, o número de mortos sobre para 18.
O objetivo da ação era localizar e prender cerca de 100 criminosos que pretendiam sair do Alemão para praticar roubos e invasões em outras comunidades. De acordo com o segundo o tenente-coronel Uriá Nascimento, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), estes traficantes usavam roupas similares às fardas das polícias Militar e Civil para dificultar a localização dos mesmos.
O setor de inteligência da PM identificou que esta quadrilha praticava roubos de veículos principalmente nas áreas dos bairros do Grande Méier, Irajá e Pavuna. Também havia indicações que a quadrilha poderia se movimentar e cometer ações criminosas na cidade, como invasão de outras favelas e roubo a bancos.
De acordo com a PM, cerca de 400 agentes participaram da operação. Entre os materiais apreendidos estão: um fuzil metralhador .50, que foi utilizado para tentar derrubar as aeronaves durante as ações, quatro fuzis cal. 7.62, duas pistolas e 56 artefatos explosivos que seriam empregados contra as equipes. Também foram apreendidas 43 motocicletas que seriam utilizadas para causar confusão nas vias daquela região, visando desmobilizar as ações policiais e facilitar a fuga de criminosos.
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