Policia - Policiais militares e civis, fazem operaçao no Complexo do Alemao hoje.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio- O policial militar apontado como autor dos disparos que atingiram Letícia Marinho Sales, 50 anos, durante a operação no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, foi afastado da corporação. A ação ocorreu no último dia 21, e deixou 17 mortos.

O PM era lotado da UPP Parque Proletário. De acordo com a Polícia Militar, a investigação do caso está a cargo da Polícia Civil e a Corregedoria da Corporação colabora integralmente com a averiguação, além de ter instaurado um procedimento interno. A Polícia Civil ainda não deu mais detalhes sobre o caso.
De acordo com o depoimento do PM obtido pelo 'G1', ele contou que no dia da operação ele reforçava o policiamento em torno do Alemão quando viu dois carros pararem lado a lado em um sinal de trânsito. Ele achou a ação suspeita. No entanto, em um dos veículos estava Letícia, enquanto no outro estavam outros dois policiais descaracterizados. 
Segundo o namorado da vítima, um dos agentes teria colocado o corpo para fora, pela janela, para se identificar mostrando o distintivo, mas em depoimento, o autor dos disparos relatou não ter visto a identificação e que atirou 12 vezes de fuzil, pois achou que eram bandidos. Um dos tiros atingiu o Letícia.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DP-RJ) informou que vai representar, na Justiça e nas esferas extrajudiciais, a família de Letícia.
Relembre o caso

Letícia foi baleada dentro de um carro em um dos acessos do Complexo do Alemão, ela chegou a ser socorrida pelo namorado, Denilson Glória, e por Jaime da Silva, primo do casal, que estavam com ela no momento do ocorrido. Ela foi levada até a UPA de Ramos, mas não resistiu aos ferimentos. Os dois também ficaram feridos com os disparos.

Denilson contou que saía da casa da tia, onde tomou café junto com a namorada, e estava a caminho do trabalho quando ela foi atingida. Letícia não morava na comunidade, ela tinha ido ao local apenas para ajudar as filhas a organizar uma festa na igreja em que frequentavam.

De acordo com Jaime, a vítima foi atingida em um momento em que não havia confronto na região. "Ela foi morta pelos policiais despreparados, desqualificados. Não tinha bandido, não estava tendo tiroteio na rua principal. Nós fomos alvejados. Tinha um carro emparelhado com a gente e nós tivemos que respeitar o sinal. Tinha um policial militar em uma blazer e um policial militar que estava em outro carro, levantou a pistola, com o brasão da corporação deles aparecendo. Mesmo assim, eles deram um tiro numa mulher trabalhadora, que está lá morta por um despreparo policial", diz o homem.