Allana Cecília Aparecida Muniz Nascimento morreu após ser diagnosticada com meningite pneumocócicaReprodução/Redes Sociais

Rio - Uma criança de dois anos de idade morreu por meningite pneumocócica, na cidade do Rio. Ela estava internada no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foi notificada sobre o caso e imediatamente iniciou o protocolo epidemiológico indicado para identificação do tipo de meningite. Como esse tipo de meningite não tem ação de profilaxia com medicamento, ou seja, como não é possível preveni-la com remédio, o protocolo epidemiológico consiste em realizar visita da equipe de saúde à creche para a devida orientação da comunidade escolar sobre a doença, sintomas e formas de prevenção. A SMS relembra que cada tipo de meningite requer uma ação epidemiológica específica.
De acordo com o Observatório Epidemiológico do Rio, são 196 pessoas internadas com meningite até o momento, com a Barra e Jacarepaguá concentrando os casos: 33 pessoas.
Entenda um pouco mais sobre a meningite
Ao DIA, a médica infectologista Anna Caryna Cabral, coordenadora da DIP (Doenças Infecto Parasitárias) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj), explicou que a meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal. "A meningite pode ser causada por vários microrganismos desde vírus, bactérias, fungos, além de ter muita ligação com a imunossupressão do paciente", pontuou.
A suscetibilidade da doença é maior em crianças menores de cinco anos. Já as crianças menores de um ano são as que evoluem com quadros mais graves. Adultos maiores de 60 anos também tem predileção por algumas bactérias. "Depende muito da faixa etária, muito da imunidade, se há alguma doença prévia, alguma doença que o paciente tenha. Mas a meningite é sempre muito grave em menores de um ano", explicou.
"A meningite pneumocócica é causada pelo Streptococcus pneumonia, o pneumococo. A transmissão ocorre por meio de gotícula de saliva expelida pelo indivíduo que está infectado", continuou a médica. Ela também acrescentou que muitas pessoas podem ter a bactéria no organismo, mas nunca desenvolverem: "algumas pessoas são colonizadas por ele e não evoluem com a doença, mas podem disseminar. Então, por qual motivo alguém evolui com a doença e o outro não mesmo sendo colonizadas pelo pneumococo, vai da imunidade da pessoa".
Questionada sobre a que mais causa alarde na população, a doutora Anna Caryna afirma que é a meningite bacteriana. "Dependendo do paciente, se é criança ou não, a demora no diagnóstico e se o tratamento é o certo ou não fazem a meningite bacteriana ser o grande vilão da história", disse. Apesar disso, a doença tem tratamento.
Os responsáveis devem ficar atentos: "crianças menores de um ano não têm como mostrar que estão com dor de cabeça. É difícil diagnosticar a rigidez na nuca, porque a criança só chora. Um sinal muito importante na meningite, junto com a febre e com a rigidez de nuca, é o vômito em jato", falou.

Vacinar pode salvar vidas
Apesar de não ter profilaxia com medicamentos, segundo a SMS, a meningite pneumocócica, especificamente, pode ser prevenida com a vacina Pneumocócica 10 valente, cuja aplicação na rotina é feita em crianças antes de completar o primeiro ano de vida. Além dela, existem a vacina Haemophilus influenzae e a vacina meningocócica, todas disponíveis na rede pública.
Com o início da Campanha de Multivacinação, que teve início na segunda-feira (8), os responsáveis podem levar os pequenos para se protegerem da Meningite, se imunizar contra outras doenças e atualizar a caderneta de vacinação. A campanha vai até 9 de setembro, com o dia D de mobilização acontecendo no sábado, 20 de agosto.
Além da Pneumocócia 10 valente e da Meningocócica, serão disponibilizadas as seguintes vacinas: BCG, Hepatite B, Pentavalente (DTP/Hib/ HB), Pólio inativada, Pólio oral, Rotavírus, Febre amarela, Tríplice viral, Varicela, DTP, Hepatite A, Difteria e tétano, HPV Quadrivalente, Influenza e Covid-19. Caso haja indicação, as vacinas necessárias para atualização poderão ser feitas simultaneamente com a vacina contra covid-19.
* Estagiária Beatriz Coutinho sob a supervisão de Thiago Antunes