Estado do Rio tem 611 casos confirmados de MonkeypoxDivulgação/MS
O paciente, um homem de 33 anos que não teve a identidade revelada, estava internado do Setor de Doenças Infecto Parasitárias no Hospital Ferreira Machado (HFM). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde daquela cidade, ele apresentou sintomas logo após retornar de viagens que fez para Natal e São Paulo.
Ainda de acordo com a pasta, o paciente tinha comorbidades, doenças graves que levavam à diminuição da imunidade que, no caso da infecção por monkeypox, é potencialmente mais grave. Segundo a SES, a Secretaria de Saúde de Campos está monitorando as pessoas que tiveram contato com o paciente. Nenhum apresentou sinais e sintomas de infecção pelo vírus.
De acordo com o infectologista da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), José Pozza, o número de mortes por varíola dos macacos pode aumentar no estado, mas no cenário a situação ainda é controlada.
"Essa primeiro morte serve de alerta pois, apesar da doença ser de evolução benigna na maioria dos casos, em alguns pacientes ela pode se agravar e disseminar para órgãos internos, levando ao óbito", explica ele. "A população não precisa se desesperar, mas deve ficar atenta, pois até o momento não temos medicamento nem vacina suficientes pra todos. Pode haver novas mortes, e provavelmente vão acontecer, já que alguns grupos podem ser mais vulneráveis e cursar com uma apresentação mais grave da doença", diz o infectologista.
Para o coordenador da Câmara Técnica de Doenças Infecciosas do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), Celso Ramos, a nova manifestação da varíola dos macacos surgiu com sintomas diferentes dos já vistos.
"Essa doença [a varíola dos macacos] tem características muito distintas das discrições clássicas da varíola. Ela tem características muito distintas das que a gente vai encontrar nos livros e nos artigos, quando a gente lê sobre a monkeypox que ocorre na África. Podem ser poucas lesões, as lesões podem parecer uma 'espinhazinha', um 'cabelozinho' inflamado, e esses gânglios aumentados, a pessoa pode não notar ou ser notado apenas pelo médico quando examina", ressaltou ele.
Segundo Ramos, é necessário que a coleta do material para diagnóstico da varíola dos macacos seja aprimorada durante esse período crucial.
A SES-RJ informou que, até esta segunda-feira (29), 611 casos confirmados de monkeypox e 61 prováveis foram registrados no estado. Outros 474 casos suspeitos seguem em investigação e 751 foram descartados.
Na última terça-feira (23) o Rio ganhou um novo centro de coleta de material para testagem de casos de varíola dos macacos (monkeypox), anexo à UPA Colubandê, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Com isso, o estado conta com dois postos de testagem, sendo o primeiro no Iaserj Maracanã, na Zona Norte.
Nesta semana, estava prevista a inauguração do terceiro centro de coleta, desta vez em parceria com a Prefeitura de Nova Iguaçu, mas o local não foi inaugurado. De acordo com a SES-RJ, ainda não há uma data marcada para o início do funcionamento. O posto de testagem será no Centro de Saúde Vasco Barcelos, como referência regional, atendendo aos municípios da Baixada Fluminense que não possuem o serviço.
Para a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Tânia Vergara, é necessário investir na imunização dos grupos mais atingidos pela varíola dos macacos para que a doença não se transforme em surto.
"O que precisamos é de vacinas. Estas deveriam ser para todos, mas não há como isso acontecer em nenhum lugar do mundo. Sendo assim, é necessário que as populações mais atingidas no momento tenham prioridade nesta vacinação. Quanto maior o número de casos, maior o risco. Sendo assim, a principal medida preventiva, que é a vacinação, deve ocorrer de forma rápida e, até o momento, não iniciamos nossa vacinação", ressaltou.
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