Rio - Depois de ter a prisão relaxada e conseguir voltar para a Alemanha, o cônsul Uwe Herbert Hahn, que responde por homicídio triplamente qualificado contra o marido belga, Walter Henri Maximilien Biot, ameaçou uma das testemunhas do caso na manhã desta terça-feira (30). A vítima, um homem que era amigo do casal no Brasil, procurou a 14ª DP (Leblon) no início da tarde para denunciar que o alemão tentou chantageá-lo por meio de mensagens, com o intuito de que ele retirasse o depoimento. Uwe também disse que ele estava em segurança, ao contrário da testemunha, em tom de ameaça.
Nas imagens, registradas no boletim de ocorrência, o diplomata inicia a conversa escrevendo: "Estou em segurança. Você, não. E você conhece a polícia, eles vão adorar a verdade sobre você. A delegada vai publicar tudo, mesmo sem provas".
A testemunha, então, rebate a ameaça: "Eu não preciso estar seguro, ou fugir do país, diferente de você. Você é um assassino e matou meu amigo e vai pagar por isso". E continua: "Você é procurado pela Interpol, ontem condenado a retornar à prisão, eu não vendo droga alguma, diferentemente de você, e se você matou seu marido e sabe disso. E eu não peguei dinheiro do seu marido que você ama tanto e que você deixou aqui. Era Walter que sempre me ajudava e que se escondia de você, que era submisso a você, que era aterrorizado por você".
A Justiça já incluiu o nome de Uwe na lista dos procurados da Interpol.
Veja imagens da conversa:
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Relembre o caso
O belga Walter Henri morreu no dia 5 de agosto no apartamento do casal, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. A perícia realizada no corpo da vítima apontou pelo menos 30 lesões no corpo do Belga e a causa da morte traumatismo craniano na nuca. O documento também apontou escoriações e hematomas na região anal, face, braços e joelhos. Uma grande lesão, entre a barriga e o tórax também indicaria que houve um pisão, indicando que a vítima poderia ter sido imobilizada. Já o diplomata Uwe, principal suspeito de praticar o crime, nega as acusações. Ele diz que o marido sofreu um mal súbito, morrendo após desmaiar de frente, batendo com o rosto no chão.
O diplomata foi preso um dia depois do crime, mas foi solto e deixou o país rumo a Frankfurt, sua terra natal, neste domingo (28). Uwe teve a prisão relaxada pela desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, por considerar haver demora na denúncia do Ministério Público (MP) contra o cônsul.
Nesta segunda-feira (29), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª Promotoria de Justiça Junto ao IV Tribunal do Júri da Capital, denunciou o diplomata pelo crime de homicídio qualificado contra seu cônjuge Walter Henri Maximilien Biot. Além da denúncia, a promotoria também solicitou a prisão preventiva, reafirmando que não houve perda de prazo processual para apresentação da denúncia.
Ainda segundo a denúncia, "o crime foi praticado com emprego de meio cruel: severo espancamento a que a vítima foi submetida, causando intenso e desnecessário sofrimento. O delito foi cometido para dificultar a defesa da vítima, que se encontrava com sua capacidade de reação reduzida pela ingestão de bebida alcoólica e de medicação para ansiedade."
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