Polícia Civil realiza ação contra criminosos de comunidades da Zona Oeste
Agentes pretendem cumprir 13 mandados de prisão contra traficantes envolvidos em roubos de carros. Até o momento, três foram presos e mais de 30 veículos recuperados
Participaram da ação os delegados titular e assistenta da DRFA, da DGPE e Core - Marcos Porto/Agência O Dia
Participaram da ação os delegados titular e assistenta da DRFA, da DGPE e CoreMarcos Porto/Agência O Dia
Rio - A Polícia Civil realizou, nesta quinta-feira (1º), uma ação contra uma organização criminosa que atua no tráfico de drogas e no roubo de carros em comunidades da região de Bangu, na Zona Oeste do Rio. A operação Barreira Negra acontece após aproximadamente dois anos de investigações da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) visando cumprir 13 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão. Ação resultou na prisão de três bandidos.
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A operação contou com 220 agentes, 75 viaturas, dois helicópteros e veículos blindados, que atuam nas favelas do Rebu, Vila Aliança, Coreia, Sapo e Cavalo de Aço, ambas dominadas por traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), facção responsável por diversos roubos de veículos, além de receptação, adulteração de automóveis, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Em entrevista coletiva na Cidade da Polícia na tarde desta quinta-feira, o delegado assistente da DRFA, Jefferson Nascimento, relatou que os integrantes da organização criminosa também atuam como milícia na região.
"O que causou surpresa nessa investigação, foi que, embora seja uma facção criminosa tipicamente conhecida pelo tráfico de drogas, eles praticavam atos também de milícia, como extorquir moradores, como levar motoristas desses veículos para o interior da comunidade para fins de saques (de dinheiro), extorsões e além disso, extorquir 'mototaxis', kombis, todo o transporte alternativo", afirmou o delegado. Após liberarem os motoristas, as vítimas eram deixadas em área comandados por facções rivais, para despistar a polícia.
Os carros roubados pelos criminosos eram levados para a Vila Aliança, onde eram desmanchados e as peças revendidas. Ainda segundo Nascimento, José Rodrigo Gonçalves Silva, o "Sabão" ou "31" foi apontado como o líder da organização pelas investigações. O traficante tinha braços diretamente ligados à ele nas favelas, que executavam suas ordens. Entre eles, foi identificado o traficante Nicolau, o "Lau", considerado o "faz tudo" e responsável por recolher o que era arrecadado a partir das extorsões, além de recrutar pessoas para cometerem roubos em todo o Rio de Janeiro.
De acordo com o titular da especializada, delegado Márcio Braga, além dos três presos nesta quinta-feira, mais de 30 veículos já foram recuperados e foram apreendidas grande quantidade de armas e drogas. Um local usado pelos criminosos para adulterar e clonar automóveis de luxo também foi encontrado. Na última semana, outros quatro mandados de prisão da ação já haviam sido cumpridos. Os agentes localizaram, ainda na manhã de hoje, uma área de lazer com piscina e churrasqueira usada por "Sabão".
No muro da área de lazer, há desenhos e frases referentes ao TCP, como um leão, soldados armados e bandeiras da Coreia do Sul e de Israel, além da cidade de Jerusálem e da Cúpula do Rocha, um dos sítios mais sagrados do Islã e uma das grandes obras da arquitetura islâmica. No local, há ainda a pintura de uma faixa escrita "Melhor gestão 31", que faz alusão, bem como a bandeira, à comunidade da Coreia e ao chefe do tráfico da região, José Rodrigo.
Já os desenhos referentes a Israel estão relacionados ao Complexo de Israel, chefiado pela mesma facção criminosa. O local surgiu ao longo dos últimos anos a partir da invasão do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como "Peixão", às comunidades da Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas e Pica-pau, na Zona Norte do Rio. Nas favelas, há bandeiras do país e Estrelas de Davi pintadas em várias localidades como forma de marcar o domínio.
No muro da área de lazer do traficante há desenhos e frases referentes a organização criminosa que atua na região
A ação da DRFA conta com o apoio dos Departamentos Gerais de Polícia da capital (DGPC) e da Baixada Fluminense (DGPB) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core). Durante as diligências nas comunidades, houve intenso confronto mas, até o momento, não há informações sobre feridos. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver que criminosos atearam fogo em barricadas para dificultar o acesso dos agentes.
"Logo no início da operação, houve algumas dificuldades para superar barricadas. Aquela região de Senador Camará, Vila Aliança, nos últimos anos, os criminosos passaram a utilizar com cada vez mais frequência esse tipo de barricada. São barricadas, são aqueles equipamentos chamados jacaré atravessados nas vias, barricadas com fogo, também. Eles se sentem mais confortáves para atirar contra a polícia, principalmente quando os policiais têm que desembarcar dos veículos blindados para retirar essas barricadas", relatou coordenador da Core, delegado Fabrício Oliveira.
Operação da Polícia Civil nas comunidades da Vila Aliança e Senador Camará, para combater uma quadrilha especializada em roubo de veículos. pic.twitter.com/l3P6m4ufr2
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação do Rio (SME) lamentou a suspensão das aulas em 28 escolas nas localidades de Vila Aliança, Taquaral, Senador Camará, Rebu, Sapo e Cavalo de Aço por conta da operação policial. O atendimento aos alunos está acontecendo de forma remota. "A SME trata como prioridade a segurança de toda a comunidade escolar e a medida de suspensão das aulas é para segurança dos alunos, professores e funcionários das escolas", afirmou a pasta.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), as Clínicas da Família Sandra Regina Sampaio e Maria José de Sousa Barbosa, e os Centros Municipais de Saúde Silvio Barbosa e Eithel Pinheiro de Oliveira Lima, acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspenderam o funcionamento nesta quinta-feira.
Criança é baleada dentro de escola durante ação em comunidade de Bangu
O tiro que atingiu a criança partiu de um confronto entre os policiais militares e criminosos em uma operação do 14º BPM (Bangu) na comunidade do Quarenta e Oito. Após a troca de tiros, dois suspeitos foram encontrados feridos e foram levados para a mesma unidade de saúde, onde ficaram sob custódia. Um terceiro homem acabou sendo preso.
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