Defensora pública aposentada é investigada após chamar entregadores de ’macacos’Reprodução

Rio – A defensora pública aposentada Cláudia Alvarim Barrozo, filmada xingando dois entregadores em Niterói, na Região Metropolitana, realizaram um registro de ocorrência para abrir uma queixa-crime de injúria contra uma das vítimas. Esta seria uma nova estratégia elaborada pelo advogado criminalista Marcello Ramalho, que assumiu recentemente o caso, alegando que a ação da ex-defensora pública em chamar um dos entregadores de “macaco” seria uma reação a uma discussão anterior, em que Cláudia teria sido ofendida.
De acordo com Marcello Ramalho, como Cláudia estava amparada por outro advogado, que não tinha especialização na área criminal, o precedente acabou passando despercebido.
"Aquela palavra ‘macaco’ foi registrada em um momento completamente descontextualizado, prescindido de uma discussão acalorada entre os dois e, tanto é verdade, que a palavra ‘macaco’ foi usada no singular. Fizemos a defesa e uma nova contextualização. Ainda de acordo com ela, anteriormente a ofensa gravada, ele disparou palavras como 'e eu sou macaco também?', essa questão foi implementada por ele no momento da discussão, o que resultou, no momento acalorado, reproduzindo algo que foi introduzido por ele", explicou o advogado.
Já para o advogado dos entregadores, Joab Gama de Souza, o acordo de não persecução penal nunca foi contestado, mas sim descumprido pela denunciada. O advogado reiterou que isso se trata de uma tentativa de inversão de responsabilidade criminal.
"Não houve nenhuma ofensa por parte das vítimas, nem mesmo após serem ofendidos eles revidaram. Isso se trata de uma tentativa inócua de inversão de responsabilidade criminal. Ela confessou formalmente, perante a autoridade judiciaria, perante ao Ministério Público e devidamente assistido pela sua defesa, e a parte indenizatória não foi cumprida. Se esse registro de ocorrência ocorrer, ela vai ter que provar e, se der ensejo a uma ação penal ou mesmo uma investigação policial nesse sentido, ela irá mais uma vez responder por outro crime, mas desta vez por denunciação caluniosa", disse Joab.
Relembre o caso
No dia 30 de abril, a Polícia Civil iniciou uma investigação deum caso de injúria racial em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, quando a defensora pública aposentada agrediu verbalmente dois entregadores em um condomínio de luxo em Itaipu.
No vídeo gravado por um dos trabalhadores, é possível ouvir a mulher, que não foi identificada, os chamando de "macacos". Após ela ofendê-los, ela entra em um carro de luxo e arranca saindo do local. Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 81ª DP (Itaipu) como injúria por preconceito.
Já no dia 31 de maio, a defensora pública aposentada Cláudia Alvarim Barrozo, não compareceu à delegacia para prestar depoimento em todas as vezes que foi intimada e foi indiciada por injúria racial, informou o delegado Carlos César Santos.
Claudia foi chamada para ir à 81ª DP (Itaipu) três vezes após o registro da ocorrência, mas, de acordo com o delegado responsável pelo caso, ela não se apresentou em nenhuma das oportunidades, tampouco no período de conclusão das investigações. O inquérito foi fechado e encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) somente com o depoimento das vítimas.
Defensora pública tem mais quatro anotações criminais
Cláudia Alvarim Barrozo aparece em mais quatro anotações criminais como autora, sendo três por injúria racial e uma por lesão corporal. Segundo o delegado, com o andamento das investigações, ela pode pegar até três anos de prisão somente por esse caso, já os outros quatro seguem na Justiça.
Um dos casos onde Cláudia aparece sendo acusada de injúria aconteceu em 2014. Na ocasião, ela teria ofendido uma funcionária de uma empresa de plano de saúde. Segundo os registros, ela teria a chamado de "enfermeira de m*erda, muda, infeliz". No mesmo ano, a defensora foi acusada de ofender uma menor de idade que desistiu de participar de uma festa de debutante.