Ex-secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski deixa prisão em Niterói
Candidato a deputado federal, delegado foi preso no início do mês por suspeita de envolvimento com o jogo do bicho e teve habeas corpus concedido pelo STF
Ao deixar prisão em Niterói, ex-secretário se disse inocente das acusações do MPRJ - Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Ao deixar prisão em Niterói, ex-secretário se disse inocente das acusações do MPRJReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Por volta das 11h30, o ex-secretário saiu do local sorrindo e usando uma camisa amarela com adesivos de sua campanha para as eleições deste ano. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), a candidatura de Turnowski permanece com registro deferido. "Sou inocente, sou candidato a deputado federal. Foco no domingo, multiplicação de voto. Um passo de cada vez, rumo à vitória", disse o delegado, que não quis comentar sobre as acusações do Ministério Público do Rio (MPRJ) e disse que vai provar sua inocência.
Com a soltura, o candidato precisa agora cumprir medidas cautelares, como não acessar dependências da Polícia Civil do Rio e não deixar o país, tendo que entregar seu passaporte. Desde sua prisão, em 9 de setembro, a Justiça já tinha negado três pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa, sendo o terceiro negado pela presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza de Assis Moura, no último dia 16.
O ex-secretário estava afastado do cargo desde início deste ano, por conta das eleições. Em 1º de abril, ele foi substituído por Fernando Albuquerque, que era subsecretário de Inteligência da pasta. O delegado foi preso durante uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), suspeito de receber propina do jogo do bicho e de envolvimento em um plano para matar o bicheiro Rogério Andrade.
A ação fez parte das investigações sobre um esquema de propina do delegado Maurício Demétrio, preso em 30 de junho 2021, por extorquir comerciantes de Petrópolis. Allan Turnowski é acusado pelos crimes de organização criminosa, corrupção e violação de sigilo funcional. Segundo o MPRJ, ele "atua como agente duplo na disputa entre os bicheiros" por aproveitar de vínculos de integrantes do grupo de Rogerio de Andrade, como Ronnie Lessa e Jorge Luiz Fernando, o Jorginho, para repassar informações a Demétrio e beneficiar o grupo de Fernando Iggnácio.
"Os delegados de polícia mantinham rotina intensa de contatos e aconselhamento mútuo, na qual tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, estratégias para galgarem cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores", apontou o Ministério Publico.
De delegado a secretário de Polícia Civil
Allan Turnowski estava há 27 anos na Polícia Civil. Em sua passagem pela instituição ele foi diretor de Polícia da Capital e Especializada, além de titular das delegacias de Roubos e Furtos de Carga (DRFC); Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Ele também foi delegado da Corregedoria Interna e da 16ª DP (Barra da Tijuca), além de várias distritais do interior do estado.
Entre os anos de 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral, Turnowski foi chefe da Polícia Civil, mas deixou a pasta depois que uma investigação da Polícia Federal apontou que ele teria vazado uma operação. O delegado chegou a ser indiciado por quebra de sigilo funcional, baseado na gravação de uma conversa com um inspetor da instituição preso pela PF na Operação Guilhotina.
Entretanto, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) decidiu não denunciar o ex-chefe e arquivou o inquérito, depois que concluiu que não havia comprovação de que ele tinha conhecimento prévio sobre a realização da operação. Em 2020, o delegado foi nomeado secretário de Estado de Polícia Civil, cargo que ocupou até março deste ano, quando se licenciou para concorrer nas eleições de 2022 pelo Partido Liberal.
Em sua gestão, a Polícia Civil deu início à uma força-tarefa de combate à milícias, que já prendeu mais de mil criminosos e ocasionou um prejuízo de aproximadamente R$ 2,5 bilhões a grupos paramilitares. Foi também durante a chefia de Turnowski que a instituição realizou a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, na favela do Jacarezinho, na Zona Norte, que terminou com a morte de 28 pessoas, entre elas, um policial civil.
No ano de 2012, o ex-chefe teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida depois de se recusar a fazer o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele acabou multado em mais de R$ 950 e perdeu sete pontos, infração considerada gravíssima. O veículo do delegado só foi liberado após um condutor habilitado ter se apresentado.
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