Allan Turnowski acena para os fotógrafos ao chegar no MAM após carreata em apoio a sua candidatura a deputado federal (PL)Cleber Mendes / Agência O Dia

Rio - O ex-secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro Allan Turnowski concedeu uma coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (30), no Museu de Arte do Rio (MAM), para falar sobre a sua soltura concedida pelo Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira (29), após pedido de habeas corpus. Ele defendeu ser inocente. "Enganaram o judiciário, eu sou inocente e vou provar minha inocência", disse Turnowski.
Solto a três dias das eleições, o delegado, que concorre a deputado federal pelo Partido Liberal (PL), chegou ao local após carreata em apoio a sua candidatura. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), o pleito de Turnowski permanece com registro deferido.
A decisão do ministro Kassio Nunes Marques, 1º indicado de Jair Bolsonaro (PL) ao STF, substitui a prisão preventiva por medidas cautelares como não acessar dependências da Polícia Civil do Rio e não deixar o país, tendo que entregar seu passaporte.
Na coletiva, Allan Turnowski disse que "é a Justiça sendo feita, sou inocente. As acusações chegam a ser toscas, que eu fiz um plano pra matar um contraventor. Eu rasgo a minha carteira, se aparecer algo de eu fazendo plano contra contraventor, eu saio da Polícia Civil". Em outro trecho, ele afirma que "enganaram o judiciário, eu sou inocente e vou provar minha inocência".

O delegado foi preso no último dia 9, após uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ). Ele é acusado de receber propina do jogo do bicho e de envolvimento em um plano para matar o bicheiro Rogério Andrade.
Ele conseguiu a liberdade após três pedidos de habeas corpus negados pela Justiça, sendo o terceiro negado pela presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza de Assis Moura, no último dia 16.

Delegado teria perdido o celular durante a campanha
Uma das polêmicas que envolvem a prisão de Allan seria o sumiço de um aparelho de telefone celular do ex-secretário. No dia da ação, agentes do Ministério Público chegaram a apreender celulares na casa de Allan, mas não encontraram o aparelho em questão. O candidato a deputado federal alegou ter perdido durante a campanha.
Porém, as análises do Ministério Público mostraram que, às 23h da véspera da prisão, o celular estava em uma área de cobertura da região da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que abrange o endereço residencial de Turnowski, indicando que ele chegou em casa com o aparelho.
De delegado a secretário de Polícia Civil
Allan Turnowski estava há 27 anos na Polícia Civil. Em sua passagem pela instituição ele foi diretor de Polícia da Capital e Especializada, além de titular das delegacias de Roubos e Furtos de Carga (DRFC); Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Ele também foi delegado da Corregedoria Interna e da 16ª DP (Barra da Tijuca), além de várias distritais do interior do estado.
Entre os anos de 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral, Turnowski foi chefe da Polícia Civil, mas deixou a pasta depois que uma investigação da Polícia Federal apontou que ele teria vazado uma operação. O delegado chegou a ser indiciado por quebra de sigilo funcional, baseado na gravação de uma conversa com um inspetor da instituição preso pela PF na Operação Guilhotina.

Entretanto, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) decidiu não denunciar o ex-chefe e arquivou o inquérito, depois que concluiu que não havia comprovação de que ele tinha conhecimento prévio sobre a realização da operação. Em 2020, o delegado foi nomeado secretário de Estado de Polícia Civil, cargo que ocupou até março deste ano, quando se licenciou para concorrer nas eleições de 2022 pelo Partido Liberal.

Em sua gestão, a Polícia Civil deu início à uma força-tarefa de combate à milícias, que já prendeu mais de mil criminosos e ocasionou um prejuízo de aproximadamente R$ 2,5 bilhões a grupos paramilitares. Foi também durante a chefia de Turnowski que a instituição realizou a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, na favela do Jacarezinho, na Zona Norte, que terminou com a morte de 28 pessoas, entre elas, um policial civil.

No ano de 2012, o ex-chefe teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida depois de se recusar a fazer o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele acabou multado em mais de R$ 950 e perdeu sete pontos, infração considerada gravíssima. O veículo do delegado só foi liberado após um condutor habilitado ter se apresentado.