Tradicional roda de samba do Candongueiro prestou homenagem a seu fundador, Ilton Lopes, falecido no dia 1Reprodução / Twitter

Rio - Foi realizada na noite do último sábado (8), a primeira roda de samba do Candongueiro, no bairro Rio do Ouro, em Niterói, após a morte do seu fundador, Ilton Lopes, que faleceu no dia 1, vítima de um AVC. A celebração, marcada por homenagens, contou com a participação de músicos consagrados e amigos do idealizador da casa.
Cavaquinista da Velha Guarda da Portela, compositor e ex-presidente da Portela, Serginho Procópio falou sobre a noite de homenagens ao amigo falecido. "Foi muito bonito. O Ivan, filho do Ilton, abriu a roda falando que queria que fosse um momento animado porque o pai gostava de alegria e não de tristeza. Parecia que o Ilton estava lá. Foi uma roda de samba para cima, animada. Uma homenagem muito bonita para o Ilton, do jeito que ele gostava e gostaria que continuasse a ser. Um dos pontos altos foi quando todas pessoas começaram a gritar 'Ilton do Candongueiro' com muita energia", contou Procópio.
Através de uma publicação feita em uma rede social durante a semana, Ivan Mendes, filho do idealizador do Candongueiro, relatou que seria seguida a vontade de seu pai, em continuar a roda. "Sábado, dia 8 de outubro, a partir das 18h, terá Roda de Samba do Candongueiro. Essa seria a vontade do seu fundador e será respeitada", explicou Ivan, que chamou o evento de "Samba dos Sete Dias", em referência a roda acontecer exatamente uma semana após a morte de Ilton.
Próximo de Ilton há 38 anos, o violonista Wander Sete Cordas participou da roda e descreveu a emoção de não ter o amigo presente. "Foi difícil, depois de mais de 30 anos, não tê-lo na roda é muito difícil. Eu estava tão fora do ar, sem chão, parecia que não era verdade, que a ficha ainda não tinha caído. Convivi com o Ilton desde os 16 anos, hoje já estou com 54. Desde antes do Candongueiro existir, ele já era envolvido com o samba. Vai fazer muita falta", desabafou o músico.
Perguntando sobre a continuidade da roda, Wander foi enfático ao falar que os músicos devem prosseguir com o encontro que acontece a cada duas semanas. "A roda vai continuar a cada dois sábados, e o Ilton vai ser sempre homenageado. Ele é nosso mestre e fundador. A gente precisa dar continuidade em homenagem a ele mesmo, é nosso dever, ele gostaria que isso acontecesse. O Candongueiro é uma realização dele", contou Wander.
Influente figura no cenário do samba e respeitado entre os músicos, Ilton do Candongueiro, como ficou conhecido, iniciou o espaço, que funciona em Pendotiba há 32 anos. Ao longo de sua história, a roda foi palco de apresentações de bambas como Beth Carvalho, Arlindo Cruz, Monarco, Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz, Guilherme de Brito, Walter Alfaiate, Nelson Sargento, Dudu Nobre, Aniceto do Império, Dona Ivone Lara e Velha Guarda da Portela, entre outros. O empresário faleceu no dia 1, após 21 dias internado devido a um AVC.
*Reportagem do estagiário Jorge de Mello, sob supervisão de Bruno Ferreira