'Confio na minha abolsvição sumária', afirmou delegado Antônio RicardoReprodução

Rio - O delegado Antônio Ricardo afirmou que foi vítima de uma armação de Maurício Demétrio, no caso da prisão de Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, pela invasão à favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, em 2017. Ex-titular da 11ª DP (Rocinha) à época do crime, ele afirmou que as investigações seguiram todos os trâmites legais, mas que sua atuação foi usada pelo outro delegado para afastar o traficante e favorecer o grupo do contraventor Fernando Iggnácio na região da Vila Vintém. 
"Ele utilizou o meu nome para tentar obter, ou se obteve ou não, eu não sei, mas, essa é a armação: utilizar o meu nome para supostamente incriminar um traficante e retirá-lo de circulação na área que ele atua na Zona Oeste, e lá, os seus associados ao crime utilizarem essa prisão para expandir os negócios do caça-níquel ilegal", explicou o delegado.
Em um vídeo, Antônio Ricardo diz que sua defesa comprovou a armação e acusou o outro delegado de ter o costume de prejudicar autoridades do Rio de Janeiro e produzir dossiês falsos. Maurício Demétrio está preso desde junho de 2021, acusado de chefiar esquema de propina que extorquia lojistas em Petrópolis. Ele também é investigado por supostamente ter fraudado uma operação contra um fabricante de roupas piratas e foi denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por abuso de autoridade, denunciação caluniosa e fraude processual por causa da prisão de duas advogadas em falso flagrante.
"A minha defesa comprovou de forma inequívoca que eu fui vítima de uma armação praticada pelo delegado Maurício Demétrio. Ele tem o costume de prejudicar autoridades do Rio de Janeiro, tentou produzir dossiês contra o prefeito, tentou prejudicar desembargadores e prender delegados. Então, essa é mais uma armação praticada pelo Maurício Demétrio e eu confio na Justiça, confio na minha absolvição sumária", destacou o delegado. 
Em setembro deste ano, o ex-titular da 11ª DP foi alvo da operação que prendeu o ex-secretário de Estado de Polícia Civil, Allan Turnowski, por suspeita de envolvimento com o jogo do bicho, que também cumpriu um mandado de prisão contra Demétrio. Na casa de Antônio Ricardo, os agentes apreenderam quatro aparelhos celulares, sendo um de uso pessoal e outros três antigos. O delegado atribuiu o mandado de busca e apreensão expedido contra ele na ação à suposta armação. 
"Não tinha nada na investigação que me comprometesse, eu não tenho nenhum áudio, nenhuma mensagem que seja comprometedor e nada que justifique o recebimento de vantagem ilícita, isso é um fato. Ou seja, no decorrer da investigação, nada encontraram. Encontraram áudios do Maurício com um indivíduo de nome Marcelo, que eu não imagina quem seja, falando da minha pessoa, da minha atuação. Na busca e apreensão, não foi econtrado nada de ilícito na minha casa".
Decisão concede liberdade a Celsinho da Vila Vintém
O traficante Celsinho da Vila Vintém deve deixar a Penitenciária Lemos Brito, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, ainda nesta quarta-feira (18). Ele está preso devido a uma condenação de 15 anos, em regime fechado, por ter comandado a invasão da Rocinha, em 2017. Mas, a Operação Águia na Cabeça, realizada em setembro pelo MPRJ descobriu que os delegados Mauricio Demétrio e Allan Turnowski realizaram manobras para favorecer o jogo do bicho e o grupo do contraventor Fernando Iggnácio.
No último dia 11, a desembargadora Suimei Meira Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal revogou a prisão, dando direito ao criminoso de responder em liberdade. No entanto, haviam outras pendências judiciais que impediram a soltura de Celsinho. Em uma nova decisão, nesta terça-feira (18), o juiz Marcello Rubioli, da Vara de Execuções Penais, constatou que não havia outras penas a serem cumpridas que o impedissem de deixar a cadeia. 
Uma nota emitida pela defesa de Antônio Ricardo reitera que as investigações que levaram a prisão e a condenção do criminoso, fundador da facção Amigo dos Amigos (ADA), seguiram todos os trâmites legais, e foram analisadas por sete autoridades na primeira instância, sendo três juízes e quatro promotores. Confira a íntegra ao final. O delegado destacou ainda que, à época, a Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), hoje Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), chegou também a conclusão de que Celso comandou invasão de dentro da cadeia. 
Íntegra da nota da defesa do delegado Antônio Ricardo
"A defesa do delegado Antônio Ricardo vem esclarecer que a investigação sobre a invasão na Rocinha, em 2017, seguiu todos os trâmites legais, com depoimentos e perícias que comprovaram a participação de diversos criminosos de várias regiões do Rio de Janeiro, incluindo-se a Vila Vintém, Estácio e Pedreira, todos interessados em retomar o controle do narcotráfico naquela comunidade na zona Sul.
Após análise de 7 (sete) autoridades na primeira instância, sendo 3 juízes e 4 promotores, os responsáveis pelo conflitoforam condenados e a sentença ratificada pelo Tribunal de Justiça. 
A defesa destaca que dentre as provas obtidas no curso da investigação da 11ª DP, Rocinha, unidade na qual o delegado Antônio Ricardo era titular, à época, foi colhida impressão digital de um dos participantes da invasão, em veículo apreendido, e o mesmo relatou ter sido enviado para a Rocinha seguindo orientações de criminosos da Vila Vintém. 
Todas as questões acima foram apresentadas em juízo, com as respectivas provas, e o consequente requerimento de absolvição sumária do Delegado Antônio Ricardo."