Vacina Covid continua em Nova FriburgoDivulgação

Rio - A nova subvariante da covid-19, a Ômicron BQ.1, confirmada no Rio no último sábado (5) em uma transmissão local, e a baixa adesão da população em relação às doses de reforço são motivos de preocupação para o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz. Nesta segunda-feira (7), ele revelou que 25% dos moradores da cidade ainda não tomaram a primeira dose de reforço.
Segundo o secretário, a cobertura vacinal da primeira e segunda doses contra a covid-19, considerada alta por ele no município, não dura para sempre. Soranz revelou, ainda, que 1 milhão e 600 mil pessoas não voltaram para tomar a dose de reforço, o que corresponde a 25% da população na cidade. Quando o assunto é a segunda dose de reforço, apenas 34% se vacinaram.
"Essa é uma preocupação. Nós estamos vendo os casos de covid-19 aumentando novamente. A gente insiste e pede para que as pessoas tomem a dose de reforço. O Rio de Janeiro alcançou uma alta cobertura vacinal com a primeira e a segunda dose, o que deu para a cidade um panorama bastante confortável de internação, mas essa proteção não é para sempre. Ela vai caindo ao longo do tempo", comentou.
A infecção de uma mulher, de 35 anos, na Zona Norte do Rio, com a nova subvariante da doença, Ômicron BQ.1, reacendeu o alerta no município, já que, segundo o secretário, a transmissão aconteceu na cidade.
"Ela se comporta da mesma maneira da variante Ômicron. Ela se transmite de uma maneira muito fácil, mas, para pessoas vacinadas, ela não provoca aumento de internação nem de óbitos. Ela ainda é uma variante sensível à vacina para casos graves. A preocupação mesmo é com as pessoas que ainda não se vacinaram", explicou.
O secretário ainda completou que a principal medida contra a propagação do vírus continua sendo a vacinação. Segundo Soranz, o uso de máscaras de proteção individual é uma opção para as pessoas, mas não há uma recomendação de tornar a medida novamente obrigatória.
De acordo com o secretário, há 48 pessoas internadas por causa da Covid-19 no município. Entre elas estão 12 crianças. Até o momento, não há previsão de envio de novas doses para crianças de 3 a 4 anos. A vacinação dessa faixa etária foi interrompida no final de outubro.
O que especialistas dizem?
Ao DIA, especialistas apontaram que a nova variante é a mesma que vem circulando na Europa com um aumento no número de casos recentemente. Para o infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), houve um relaxamento da população brasileira em relação à vacinação.
A subvariante BQ.1 preocupa as pessoas imunossuprimidas, segundo o especialista. A melhor medida continua sendo a vacinação, mas existe uma recomendação para que essas pessoas usem máscaras em ambientes fechados.
"É uma variante que tem um escape. A melhor medida é a vacinação. Como temos um aumento no número de casos, a recomendação é que as pessoas imunossuprimidas usem máscaras em ambientes fechados. A recomendação continua. Essa população deve se precaver. A Covid-19 não vai deixar de existir principalmente para essa população ou para aqueles que ainda ainda não se vacinaram. A doença ainda não desapareceu. Nós vamos ter novas ondas. É possível que nos próximos meses, depois que a onda passar, novas variantes surjam", contou Chebabo.
Também membro da SBI, a infectologista Tânia Vergara explicou que a nova variante possui os mesmos sintomas das demais: febre, coriza, tosse e problemas respiratórios. A especialista informou que existe uma preocupação devido a baixa adesão vacinal, o que pode contribuir com o surgimento de novas variantes.
"Preocupa porque é mais uma subvariante derivada da Ômicron que tem uma capacidade ainda maior de escape da proteção vacinal. É a mesma que circula na Europa atualmente. Ela nem mutações na proteína Spike que permitem que esta se ligue aos ligue aos nossos receptores e infecte as nossas células. Uma dessas mutações é a R346T, também presente na variante BA.5 e está associada a importante escape imune e até é capaz de evadir de anticorpos que se formaram a partir de infecções naturais causadas pela variante Ômicron", disse Vergara.
De acordo com a infectologista, existe uma preocupação maior em relação a crianças que ainda não foram vacinadas.
"O que o mundo todo tem mostrado é que a imensa maioria das internações e óbitos ocorrem em pessoas não vacinadas ou com vacinação incompleta. No momento, estamos lutando, inclusive, pela vacinação de todas as crianças de 6 meses a 2 anos e não só aquelas que apresentem comorbidades", analisou.
A especialista disse que só neste ano, até o mês de outubro, 12.634 crianças, até cinco anos, foram hospitalizadas no país. Dessas, 463 morreram.
Para o infectologista José Pozza Júnior, também membro da SBI, a falta de estudo e documentos para entender o impacto de novas variantes sobre a transmissão, internação e óbitos, gera uma preocupação. Segundo o especialista, a BQ.1, apesar de não ter demonstrado uma letalidade, tem a capacidade de escapar das vacinas atuais que são aplicadas no Brasil devido a mutação que possui.
Pozza completou que existe uma possibilidade do uso de máscaras voltar a ser recomendado obrigatoriamente caso os números da Covid-19 aumentem ainda mais.

"Provavelmente, um dos componentes para esse aumento do número de casos pode ser inerente ao próprio vírus, que é a mutação que faz ele escapar da vacina de forma mais eficaz, e também, em paralelo a isso, nós temos a queda da imunidade provocada pela ausência das doses de reforço. Nós já sabemos que ao longo do tempo a proteção da vacina vai caindo e se você não faz a dose de reforço essa queda vai seguindo sequencial até a gente perder a resposta por completo", explicou.