Bruno Krupp está preso no Complexo de GericinóReprodução

Rio - A primeira audiência de instrução e julgamento do modelo Bruno Krupp terminou por volta das 18h desta sexta-feira (11), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no Centro. Bruno é acusado de atropelar e matar o adolescente João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos, em julho deste ano
Bruno foi o último a depor. Ele afirmou que pilotava em alta velocidade na região porque já havia sofrido diversas tentativas de assalto. Ele também disse que, mesmo pilotando em alta velocidade, a mais de 100 km/h, sempre respeitou sinais e ficou atento. Com isso, calculou que tinha tempo e espaço para passar, mas não esperou que a vítima correria para a calçada. "Do nada, João Gabriel correu para a calçada", afirmou em depoimento.
Além do influencer, a Justiça do Rio ouviu outras sete testemunhas, incluindo Mariana Cardim, mãe de João Gabriel.
O caso aconteceu na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. O acusado pilotava uma motocicleta e o impacto foi tão grande que a vítima teve a perna amputada. Ele responde por homicídio simples com dolo eventual - quando se assume o risco de matar - e por dirigir veículo em via pública sem habilitação.
Perguntado se concordava com a acusação de homicídio doloso, Bruno negou e disse que não saiu de casa para jantar com uma amiga com a intenção de matar. "Eu não tenho coragem de fazer mal a uma pessoa. Foi como se a minha vida tivesse acabado. Nunca imaginei em ferir uma pessoa, imagina matar. Eu não imaginei que iria causar um acidente quando peguei essa moto. Eu me arrependo muito. Se soubesse, não tinha pegado a moto", disse.
Em seu depoimento, Mariana precisou fazer uma pausa para respirar e beber uma água. Antes da fala, Bruno deixou a sala a pedido da mãe da vítima, que estava visivelmente abalada. "Eu sou culpada, pois eu  chamei o João Gabriel para ir à praia. Esse é o meu maior arrependimento", desabafou.
"Eu gritava 'socorro'. Naquele momento em que via meu filho sem perna, eu ainda pensei que fosse ficar com o meu filho, mas sem perna. A gente orou junto. Oramos Pai Nosso, Ave Maria enquanto esperávamos o socorro. Ele ainda não tinha percebido que tinha perdido a perna", disse Mariana. "Acordo na fé, durmo na medicação", concluiu.
A defesa de Bruno convocou um especialista em perícia de acidente de trânsito. Ele depôs como testemunha, antes do depoimento do réu. Ele fez uma análise do acidente pelas imagens e afirmou que se o adolescente não tivesse acelerado o passo, o acusado conseguiria, naquelas condições iniciais, desviar.
De acordo com o perito, um acidente é feito do cruzamento de duas trajetórias (veículo e pedestre) e uma variável, que é algo imprevisível. O Ministério Público, então, questionou o porquê de ele não avaliar outra variável, como a velocidade da moto. O especialista respondeu que avaliava o que de fato tinha acontecido, e não se baseava em especulações.
A primeira testemunha a depor foi um homem que estava parado no sinal e viu Bruno em alta velocidade um pouco antes do atropelamento. Em seguida, foi ouvido o policial que atendeu a ocorrência e pediu o documento do Bruno. Segundo o relato do agente, o modelo afirmou que estava para pegar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O terceiro a depor foi um funcionário de um quiosque próximo ao local do acidente. Ele disse que ouviu um barulho muito forte e viu a moto caída no chão. Além disso, afirmou que Krupp era conhecido na região por passar todos os fins de semana com a moto em alta velocidade.
Na sequência, a Justiça ouviu um amigo do modelo que o ajudou na troca de hospitais. Em seu curto depoimento, ele afirmou que o Bruno sentia muita dor e não conseguia dobrar a perna. Ele tirou o Bruno do Hospital Lourenço Jorge e o levou para a Unimed da Barra da Tijuca.
A Justiça também ouviu um tio de consideração do acusado que tem uma motoclube no distrito de Praia Seca, em Araruama, na Região dos Lagos. Ele disse que nunca tinha visto o influencer pilotando motocicleta. Entretanto, afirmou que emprestava moto para ele usar na adolescência. A defesa de Mariana, então, apontou a contradição.
Depois, foi ouvido um outro amigo de Bruno, que ficou como acompanhante no hospital por três dias. Ele foi responsável por dar a notícia da morte de João Gabriel para o modelo. Logo após o relato, o acusado chorou e usou uma bombinha de asma.
"Eu não consegui voltar para a minha casa até hoje. Estou aqui à base de remédio. Espero que seja feita a justiça. Confio nos profissionais que estão atuando. Quero agradecer a cada pessoa que orou e sofreu comigo. Que seja feita a justiça", afirmou Mariana Cardim.
Após a audiência, a assistente de acusação Luciane Noira falou sobre os próximos passos do processo. "Agora, vamos apresentar algumas impugnações, apresentar alguns documentos e impugnar pela manutenção da prisão", explicou.
*Reportagem de Anna Clara Sancho. Colaborou o repórter Fred Vidal.