Rio - Sob forte emoção e com pedidos por justiça, cerca de 80 pessoas, entre familiares e amigos, se despediram do policial militar Sandro da Rocha Mariano, na tarde desta quinta-feira (17), no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. O cabo, lotado no Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), foi morto pelo também policial Jonas Barreto Santos com um tiro no peito dentro do bar do condomínio residencial Hannibal Porto, em Irajá, na noite de terça-feira (15). O crime aconteceu na frente do filho da vítima, de 3 anos, e teria sido motivado por uma desavença antiga.
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Colegas de farda também estiveram no cemitério para prestar a última homenagem à vítima e uma viatura da Polícia Civil também acompanhou o enterro. A mãe de Sandro estava muito emocionada ao lado do caixão, momentos antes do cortejo até o sepultamento. Uma das filhas e a mulher do PM também se emocionaram e precisaram ser acolhidas por outros familiares.
O enterro estava previsto para começar às 14h, no entanto, devido a um problema na documentação e falta de vaga nas capelas, o corpo foi sepultado com uma hora de atraso. Enquanto aguardavam iniciar o cortejo, alguns amigos policiais à paisana lembraram do cabo como uma boa pessoa e trabalhador. Sandro deixa a mulher e três filhos.
"Meu marido era maravilhoso. Um mega pai, amigo, conselheiro, companheiro. Eu não sei como vai ser daqui para a frente a vida do meu filho. Ele pergunta: "Mamãe, e o papai?", eu digo que o papai foi na rua, que o papai foi trabalhar. Eu não tenho o que falar para ele. Eu acho que talvez eu nunca tenha coragem de falar isso para ele", lamentou Juliana na quarta-feira (16), quando realizava a liberação do corpo do companheiro no Instituto Médico Legal (IML) do Rio.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o crime. O autor do disparo foi preso em flagrante por homicídio e está custodiado no Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar (BEP), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
Suposta motivação do crime
De acordo com a mulher da vítima, a consultora bancária Juliana Silva, há três anos, o cachorro da mulher do cabo estava solto pelo condomínio e avançou sobre ela, que estava com o filho, um bebê de colo à época. Na tentativa de evitar um ataque, Sandro teria colocado o pé na frente do animal, momento em que Rafaela, como foi identificada, passou a xingá-lo. Houve uma discussão entre eles e o filho de Jonas o chamou. O PM então esteve no local e também brigou com o sargento, mas não houve agressão.
"Passaram-se três anos, nesse tempo, nós já encontramos com ele na feira, em shopping, na rua, no condomínio, ele jogava bola lá no condomínio toda quinta-feira, o filho deles está sempre lá na quadra do condomínio. Infelizmente, ontem (quarta-feira), ele cometeu esse crime. Ele (Jonas) olhava muito, encarando e, por vezes, o Sandro nem olhava. Eu já não estava a fim de fazer confusão, ficava na minha para evitar uma nova desavença. Eu já reparei ele olhando para o Sandro algumas vezes, mas eu nunca podia imaginar que depois de tanto tempo, sem trocar uma palavra, sem direito de defesa, porque o Sandro estava sentado, ele não deixou o Sandro falar um "ai". Ele simplesmente falou e atirou", afirmou Juliana.
Ainda segundo Juliana, Jonas não mora no condomínio, mas frequentava o local. Na noite do crime, ela afirmou acreditar que a mulher dele estava em uma festa no local e chegou a comentar com o marido que a mulher estava olhando de forma estranha para a mesa deles, onde estavam também uma tia do sargento e o filho do casal, de 3 anos. Nesse momento, a vítima teria dito para a consultora não dar importância, já que a desavença entre eles ocorreu há muito tempo. Cerca de 40 minutos depois, o policial militar entrou no bar e atirou contra Sandro.
"Nós estávamos sentados no bar do condomínio, esse rapaz passou, olhou para o Sandro e falou: "lembra de mim?". Na hora do "mim", ele já deu um tiro no peito do Sandro, na frente de todo mundo, na frente do meu filho de 3 anos. Um único tiro, ele deu para matar, deu no peito, à queima roupa", contou a mulher, que acredita que o crime foi motivado por vingança.
"Eu acredito que foi uma vingança calculada. Eu acredito que ele (Jonas) não tenha feito nada anteriormente, porque talvez não estivesse armado, talvez estivesse com o filho, talvez estivesse em um local como uma feira muito movimentada. Então, ele foi frio e calculista, ele esperou encontrar o Sandro em um momento vulnerável para agir".
Vídeo mostra ação criminosa
Nas imagens, é possível ver o cabo Jonas, que está com uma camisa de manga preta, entrando no bar e caminhando em direção à vítima, que está sentada junto com a mulher, o filho de 3 anos e uma tia. Em seguida, o PM se aproxima, fala algo rapidamente, e atira à queima roupa no peito do sargento Sandro, que morre na hora. No momento do disparo, pessoas que estavam no estabelecimento correm assustadas.
Veja:
PM é preso por matar colega de farda em bar de condomínio na Zona Norte do Rio.#ODia
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