Moradores carregam um corpo, durante a operação que acontece na manhã desta sexta-feira (25)Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - Moradores do Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, viveram uma manhã de medo e tensão, em meio ao clima de guerra que tomou a comunidade, nesta sexta-feira (25). Policiais civis e militares realizam, desde a madrugada, uma operação conjunta no local, que conta com agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core). Até o momento, um homem foi morto. Ele foi identificado como Renan Souza de Lemos, de 24 anos.
Na ação, um policial militar do Bope ficou ferido durante a troca de tiros com criminosos e foi socorrido ao Hospital Federal de Bonsucesso, onde recebeu atendimento médico. Um homem, que não teve a identidade divulgada, também foi encontrado ferido e, segundo informações da polícia, estaria envolvido no confronto. Ainda não há detalhes sobre o estado de saúde de ambos.
De acordo com a Polícia Militar, agentes das duas unidades estão nas ruas das regiões da Nova Holanda e do Parque União, pertencentes ao conjunto da Maré, para coibir movimentações criminosas relacionadas a roubo de carga e de veículos. Oito carros roubados foram recuperados. Equipes do Batalhão de Operações com Cães (BAC) apreenderam uma tonelada de drogas durante a operação. 
 
Na mesma ação, criminosos armados dispararam contra os policiais, que reagiram e houve confronto. Após o cessar fogo, os agentes encontraram três suspeitos feridos e os socorreram para o Hospital Municipal Souza Aguiar. As identidades e o estado de saúde deles não foram divulgados. Com o trio foram apreendidos um fuzil, uma pistola, um revólver e duas granadas.
Um fuzil, uma pistola, um revólver e duas granadas foram apreendidos pelo BAC - Divulgação / PMERJ
Um fuzil, uma pistola, um revólver e duas granadas foram apreendidos pelo BACDivulgação / PMERJ
Em meio a operação, moradores tentaram realizar manifestações na Avenida Brasil, a principal via da cidade, para protestar contra a violência das operações nas favelas. Pedaços de madeira, colchões, pneus e outros objetos chegaram a ser queimados no meio da rua mais de uma vez. Em todas as tentativas, policiais militares que estavam no local dispersaram rapidamente os manifestantes.

Segundo o Centro de Operações Rio (COR), durante um dos protestos, uma faixa da pista central da via, sentido Zona Oeste, chegou a ser fechada, impactando o trânsito da região, que segue lento mesmo após a liberação. Devido às manifestações e aos desdobramentos da operação, o COR pede para que os motoristas evitem essa região. Policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (RECOM) e do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) reforçam o patrulhamento no local.
Equipes do Recom apagam fogo colocado em objetos por um grupo, na Avenida Brasil - Divulgação / PMERJ
Equipes do Recom apagam fogo colocado em objetos por um grupo, na Avenida BrasilDivulgação / PMERJ
Unidade de saúde fechada

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva, localizada na região do Complexo da Maré, acionou o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, interrompeu o funcionamento na manhã desta sexta-feira (25).
Alunos de 40 escolas da região estão sem aulas

Devido a operação, alunos que estudam próximo às comunidades não puderam comparecer às escolas. A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que prioriza garantir a segurança da comunidade escolar e a medida de suspensão das aulas tem como objetivo proteger alunos, professores e funcionários das instituições de ensino. De acordo com a pasta, 40 escolas da região do Complexo da Maré precisaram ser fechadas e prestam atendimento remoto aos alunos. Ainda segundo a SME, sempre que há uma situação de risco o protocolo de acesso mais seguro é acionado.
Nas redes sociais, usuários relatam corpos sendo retirados da comunidade pelos próprios moradores, em meio ao clima de guerra que apavora a favela.
"4h40 da manhã sendo acordado ao som de tiro vindo do Águia, esse foi o despertador dos moradores da Nova Holanda e parque União em plena sexta-feira, morador da favela não tem a paz que merece nem para dormir sossegado", desabafou um morador.

"Segundo morador morto no mês de novembro aqui na Nova Holanda, estado genocida e opressor, é isso que eles tem a oferecer pra nós, bando de escritos e nojentos, não aguentamos mais essa covardia", continuou.



"O bicho está pegando demais aqui na nova holanda, tem gente saindo com corpo de dentro da favela, aqui para a Avenida Brasil", relatou uma pessoa que passava próxima a um dos acessos do Complexo.

 
 Em atualização