Natália de Oliveira e o filho Miguel, de 4 anos, que foi vacinado contra Covid-19 Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - A vacinação da segunda dose contra a covid-19 em crianças de 3 e 4 anos voltou a ser realizada nesta quarta-feira (30), no Rio, após o recebimento de 27 mil doses da vacina CoronaVac. Pais e responsáveis relataram uma manhã tranquila e sem filas no Centro Municipal de Saúde (CMS) Heitor Beltrão, na Tijuca, Zona Norte da cidade.
Ao DIA, o biólogo Antonio Carlos Neves, de 37 anos, contou que foi até o local para levar a sua filha, Sofia Neves, de 3 anos, para completar o ciclo vacinal. O morador da Tijuca ressaltou que a menina testou positivo para o vírus duas vezes, assim como os pais. Segundo ele, a vacinação é a melhor maneira de prevenir sintomas mais graves da doença.
"Ela teve covid duas vezes. Teve febre um dia, dor de garganta e perda de apetite. A vacinação é muito importante para proteger essa faixa etária e diminuir a probabilidade de casos mais graves. É mais uma parcela da população protegida. Ela é muito pequena e para entender, é difícil, mas estamos voltando a usar máscaras e ela está sempre lavando as mãos porque sabe que existe um vírus", disse o biólogo.
Antonio completou que a unidade de saúde recebeu poucas pessoas procurando a vacinação na manhã desta quarta-feira (30). Segundo o Painel Rio Covid-19, da Secretaria Municipal de Saúde, 85% da população da cidade do Rio, de 0 a 4 anos, ainda não se vacinou, o que corresponde a 300.216 crianças.
"Isso é muito preocupante porque a população, em geral, deu uma relaxada até pelos efeitos da vacinação mesmo. Contudo, o perigo ainda não passou e tem aquela população que ainda tem comorbidades. O posto estava vazio e não tinha ninguém para se vacinar. Ainda não é indicada a dose de reforço para ela, mas, se for comprovado, eu vou levar. Quando tiver uma quinta dose para mim, eu também vou tomar e vou cobrar dos familiares", finalizou o biólogo.
Quem também esteve no Heitor Beltrão foi a analista financeira Natália de Oliveira, 38. Ela levou seu filho Miguel de Oliveira, 4, para tomar a segunda dose. O menino ia completar o ciclo vacinal no dia 10 deste mês, mas a imunização foi interrompida devido a suspensão do envio de novas doses pelo Ministério da Saúde.
Natália, que também mora na Tijuca, mostrou preocupação sobre a baixa adesão à vacinação nesta quarta-feira (30). De acordo com ela, a falta de informação dos pais e responsáveis sobre o vírus faz com que os números de imunização continuem baixos.
"Eu fui descrente pensando que estava cheio, mas foi super tranquilo. Não fiquei nem cinco minutos. Por falta de informação as pessoas deixaram de se vacinar. Para nós na minha família sempre foi muito importante a vacinação. Recomendo um pouco de informação para todo mundo. Levar os seus filhos é muito importante sendo o mínimo de garantia para não ter nada mais sério. Estou ansiosa para levar o meu filho mais novo que tem dois anos", ressaltou a analista de informação.
As vacinas para as crianças de 3 e 4 anos serão ofertadas em unidades específicas, conforme lista disponibilizada no site da prefeitura. A primeira dose, paralisada desde o dia 26 de outubro, continua suspensa devido à pequena quantidade de doses na remessa recebida. A SMS não informou sobre a previsão de chegada de novas doses.
Dados
De acordo com o Painel Rio Covid-19, atualizado nesta quarta-feira (30), 20.944 crianças de 0 a 4 anos estão com o esquema vacinal completo, o que corresponde a 6% da população nesta faixa etária na cidade do Rio. A SMS ainda informou que 32.100 crianças receberam apenas a primeira dose.
A preocupação continua para os adultos a partir de 18 anos que ainda não tomaram a segunda dose de reforço contra o vírus. Apenas 37,4% dos munícipes tomaram a dose complementar. Esse é o caso do técnico de laboratório Roberto de Araújo, de 29 anos, que foi até o CMS Heitor Beltrão para testar se está ou não com o vírus, depois da mãe dele sinalizar positivo.
Segundo Roberto, a disseminação de fake news sobre o vírus e a vacina prejudica o avanço da imunização da população. O morador de Bonsucesso contou que se arrepende de não ter tomado a segunda dose de reforço, mas garantiu que vai completar o esquema vacinal.
"Eu acredito que com a disseminação de fake news e a desinformação leva as pessoas a colocarem a ciência em cheque. Acho que isso levou as pessoas a não se vacinarem. Eu fiquei muito preocupado, mas vou tomar a quarta dose. Eu recomendo às pessoas a se vacinarem e usar máscara porque não dá para colocar a nossa vida em risco. Não sabemos como vamos lidar com essas novas variantes", contou o técnico de laboratório.
Somente neste ano, a cidade do Rio teve 712.319 casos confirmados, sendo 2.511 óbitos. Até o momento, há 148 pessoas internadas em unidades municipais de saúde.
Na última sexta-feira (25), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que os indicadores precoces da Covid-19 no estado do Rio de Janeiro seguem com tendência de alta. A análise considera os dados registrados nas semanas epidemiológicas 45 (6 a 12 de novembro) e 46 (13 a 19 de novembro). No período analisado, o número de casos por início dos sintomas passou de 23.259 para 26.794, o que representa um aumento de 13,78%.

Atualmente, as taxas de positividade de antígeno e RT-PCR mantêm a tendência de alta. Entre os dias 13 e 19 de novembro, foram realizados 36190 testes de antígeno (5.170 por dia em média), sendo a positividade de 31%. Em relação ao RT-PCR, estão sendo analisados 3.380 (média de 482 exames por dia), com positividade de 40%. Na semana de 06 a 12 de novembro, a positividade dos testes de antígeno estava em 32%, e a dos exames de RT-PCR, em 33%.