O chefe do médico da UTI, Everton Padilha Gomes, examina uma radiografia de tórax. - Foto: Agência Reuters / Amanda Perobelli.
O chefe do médico da UTI, Everton Padilha Gomes, examina uma radiografia de tórax.Foto: Agência Reuters / Amanda Perobelli.
Por Bertha Muniz

CAMPOS - A variante do novo coronavírus detectada no Reino Unido já está presente em, pelo menos, 16 cidades de oito estados brasileiros e uma delas é Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Rede Corona-Ômica, uma sub-divisão da Rede Vírus, comitê criado em março do ano passado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) dedicado em reunir especialistas e centros de pesquisa em iniciativas de combate ao covid-19 e outras viroses emergentes.

A pesquisa, cujo resultado foi divulgado nesta semana teve ainda a colaboração do laboratório Instituto Hermes Pardini e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foram sequenciados 25 genomas pertencentes à variante originária do Reino Unido, conhecida como linhagem B.1.1.7. O levantamento foi realizado a partir de amostras de um banco de dados composto por 740 mil exames disponibilizados pelo Instituto Hermes Pardini.
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As cidades onde a variante foi encontrada são: Belo Horizonte (MG), Betim (MG), Araxá (MG), Barbacena (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Curitiba (PR), Cuiabá (MT), Primavera do Leste (MT), Aracajú (SE), São Paulo (SP), Americana (SP), Santos (SP), Valinhos (SP), São Sebastião do Passe (BA) e Barra do São Francisco (ES).

A variante inglesa foi identificada em dezembro do ano passado por autoridades sanitárias do Reino Unido e é considerada mais contagiosa do que a versão original do novo coronavírus. Ela já se disseminou por 60 países, segundo informe da Organização Mundial de Saúde (OMS). Há outras duas variantes em circulação que tem mobilizado a atenção de especialistas, uma delas originada no Brasil, na cidade de Manaus. Um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde revelou que, até o último sábado (20), já foram detectados 184 casos de infecção envolvendo essa linhagem, distribuídos por todas as regiões do país. Uma nova cepa detectada na África do Sul também tem sido motivo de preocupação internacional.
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Um teste com o protocolo PT-PCR capaz de apontar se a pessoa foi contaminada por uma das três variantes que geram preocupação foi desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição científica vinculada ao Ministério da Saúde. O Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) já firmou acordo para ser o primeiro a usar o produto.

Prefeitura de Campos saiu na frente

Nossa equipe de reportagem procurou o subsecretário de Atenção Básica, Vigiância e Promoção da Saúde, que também é pesquisador, Charbell Kury. O subsecretário informou que a Prefeitura de Campos ainda não recebeu comunicado oficial da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre o estudo que aponta a circulação da variante inglesa no município, mas que ele (Charbell Kury), obteve informações extraoficiais de que a variante poderia estar circulando no Estado do Rio de Janeiro e no interior.
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Kury destacou que, de maneira a antecipar as ações, a subsecretaria iniciou uma força tarefa para que pudesse iniciar a vigilância genômica com objetivo de trazer a vigilância desta e outras variantes o mais rápido possível e mais amiúde para todos os casos de Covid-19 registrados na cidade. Logo, antecipando a qualquer anúncio oficial, na quinta-feira (25) foi realizada reunião com Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), através do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ) de Macaé, para firmar uma parceria com protocolo de intenções para a vigilância genômica.

Vale lembrar que o município já vinha externado nas últimas reuniões do Gabinete de Crise Covid-19 a preocupação com as internações pós-carnaval, com situação de variantes e de como o impacto da vacinação será diretamente proporcional ao impacto das variantes. Com isso, Campos, enquanto município da região, saiu na frente na vigilância das variantes porque se antecipou a qualquer anúncio oficial do Ministério da Saúde e do estudo da Universidade Federal de Minas Gerais.
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“Então o que precisamos saber nessa vigilância genômica é o quanto elas (variantes) estão aqui, a quantidade dessas variantes, se elas estão impactando em óbitos e qual o impacto das vacinas em relação a elas”, disse Charbell Kury.