Preta Gil
Preta GilAlex Santana
Por Juliana Pimenta
Rio - Não me leve a mal, mas tá mentindo quem diz que esse ano não tem Carnaval. A dinâmica pode estar - bem - diferente, mas a folia não desapareceu com a chegada da pandemia. Com todas as medidas de segurança, Preta Gil faz, neste domingo, mais uma edição do seu aclamado 'Bloco da Preta' Só que dessa vez, claro, como live. Para a cantora, que foi criada entre Rio e Salvador e tem o Carnaval como parte do DNA, foi preciso um aquecimento especial para a apresentação.
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"Confesso que meu coração carnavalesco estava no 'freezer', mas agora coloquei para aquecer e encontrar o público mesmo que virtualmente. Estou ansiosa como no primeiro ano. Não vejo os músicos do bloco desde o Carnaval passado. Então imagine a emoção desse reencontro. Muitos deles estão comigo desde o começo há 12 anos. Meu coração é de muitos e se alimenta também da felicidade do outro", conta Preta, que dá um bom exemplo ao fazer um evento seguro.

"A essa altura acho que já aprendemos que aglomerar é prejudicial à saúde de todos nós. Precisamos ser firmes no propósito de não complicar mais a vida dos profissionais de saúde e, no fundo, sabemos que não é possível celebrar a vida quando muitos estão morrendo. Acho que as lives musicais carnavalescas serão boas companhias para ficarmos em casa", destaca.

Folia solidária

Mas, além de fazer companhia ao seu público, Preta admite que a intenção da live é ajudar quem mais precisa. "Sinceramente, foi (por causa da) lembrança de uma vez que um catador de lata me disse que o dia do meu bloco era muito esperado por eles porque rendia muito. Lembrei também dos ambulantes e essa foi a força que me fez reunir a equipe, patrocinadores e convidados muito especiais para juntos incentivarmos o público a doar e para que a gente possa ajudar a uma pequena parcela de trabalhadores do Carnaval de rua", argumenta Preta que, para incentivar as doações, criou um clima especial para a apresentação.

"Estou ansiosa. Imagina estar no coração da cidade, ao lado do meu bloco e de convidados como Alcione, Teresa Cristina e Mumuzinho. Sou carioca, amo o Carnaval e me sinto incentivada a cantar músicas de alegria em troca de doações para quem trabalha nessa grande festa e não terá como esse ano", completa.

Recuperação e conscientização

Enquanto a vacina contra o coronavírus começa a ser aplicada no Brasil e a população volta a ter esperanças pelo fim da pandemia, Preta lembra de quando teve a doença e alerta sobre a continuidade das precauções. "Eu não escolhi ser exemplo. Fui uma das primeiras a ser diagnosticada com o vírus no Brasil, pouco se sabia e acabei dividindo as sensações com o público. Me senti prestando um serviço. Hoje ainda pratico todos os cuidados, não peguei um único voo, faço testes periodicamente para trabalhar e sigo fiel na posição de que devemos pensar em todos antes de pensarmos em nós", argumenta a cantora que recentemente viu o pai, Gilberto Gil, aos 78 anos, ser contaminado pelo vírus, assim com a esposa, Flora Gil.

"Não somos diferentes de ninguém, os cuidados, medos e as preocupações são comuns a todos. Esse vírus é muito sério, mexe com o psicológico de quem está doente e todos em volta. Eles foram muito bem cuidados e, graças a Deus, passamos bem por essa prova", conta.

Autocuidado e aceitação

Além de informar sobre os cuidados em relação à pandemia, Preta também toca em outro assunto muito importante em suas redes sociais: o autocuidado. Militante do simples direito de "ser quem se é", a cantora se acostumou a falar sobre a valorização de corpos reais e a libertação de padrões estéticos. "Para termos o corpo livre, precisamos libertar cabeças também. Falarei não a preconceitos e padrões desnecessários para sempre. Essa sou eu", brinca.

"Não existe perfeição, não adianta se enganar, é muito mais fácil se aceitar por mais duro que isso possa ser. Se ame para amar o próximo e ser amada pelo que você realmente é. Um dia também caí nessa, também fui vítima dessa doença chamada 'padrão de beleza' e como a gente só aprende na dor, vi que não adiantava mudar o externo se dentro de mim eu não estava me amando. Fiz as pazes comigo, fiquei amiga do espelho, cantei 'sou como sou' e cheguei até aqui para contar".