Taça do Campeonato Brasileiro: torneio pode ser organizado pelos clubes no futuroLucas Figueiredo/CBF

Após reunião na sexta-feira, 15 clubes das Séries A e B publicaram uma carta criticando os termos propostos por Flamengo e os cinco clubes paulistas (Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos e Bragantino) para a criação da Libra, a liga para organizar o Brasileirão. A divisão de receitas é o principal ponto de discórdia.
Na carta, os clubes usam como exemplo a Premier League para reforçar que o objetivo é que a diferença entre quem ganha mais e menos seja de apenas 3,5 vezes. Na proposta de Flamengo e paulistas, seria de 6 vezes.
"Os termos aceitos por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo", diz parte do texto.
Pela proposta apresentada pelos clubes mais ricos, em reunião nesta semana que também teve a assinatura de Cruzeiro e Ponte Preta, a divisão das receitas der TV ficaria em: 40% de forma igualitária, 30% variável por desempenho e 30% variável por engajamento e audiência. Já o outro grupo quer: 50%, 25% e 25%.
"Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos".
Além de Fluminense, assinaram a carta Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, CSA, Cuiabá, Fortaleza, Goiás, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport e Vila Nova. Uma nova reunião com os 40 clubes acontecerá no dia 12, na sede da CBF, com a expectativa de aparar as arestas e acertar a criação da Libra.
Veja o texto da carta completo:
A maioria dos clubes de futebol integrantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro segue em seu esforço pela criação da Liga de Clubes e, com esse objetivo, se reuniu na tarde desta sexta-feira para discutir os critérios que nortearão, em bases sustentáveis e justas, o equilíbrio de forças no futuro.
Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais.
Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo.
Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes.
Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos.
A criação da Liga entre os 40 clubes será a oportunidade de se mudar efetivamente o futebol brasileiro e esse objetivo não pode se subordinar a interesses individuais de alguns, petrificados há décadas na superioridade de recursos. Sabemos que não seria justo buscar igualdade total de receitas, mas sim equanimidade e melhor distribuição.
O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa.