Estádio Lusail é o maior da Copa do Mundo do Catar e receberá a finalAFP

Estrangeiros que trabalhavam em obras no Catar, sede da Copa do Mundo, foram detidos por causa de um protesto realizado para cobrar meses de salários atrasados. De acordo com a agência de notícias Associated Press, pelo menos 60 estrangeiros acabaram presos depois da manifestação e alguns deles foram deportados pelo governo local.
O fato alimenta a preocupação despertada desde que o país árabe foi escolhido pela Fifa como casa da Copa deste ano. Um levantamento feito pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, até junho do ano passado, mais de 6 mil trabalhadores imigrantes morreram após o início das obras para sediar um dos principais eventos esportivos do mundo.
O protesto ocorreu há uma semana, no dia 14 de agosto. O grupo de trabalhadores se manifestou na capital Doha, em frente aos escritórios do Al Bandary International Group, conglomerado que atua nos ramos de construção, imobiliária, hotelaria, serviços de alimentos, entre outras áreas. Vídeos mostram uma avenida bloqueada pelos manifestantes.
Segundo a consultoria de direitos humanos Equidem, alguns dos estrangeiros não recebiam salários há sete meses. "Esta é realmente a realidade que está vindo à tona?", questionou Mustafa Qadri, diretor executivo da Equidem, preocupado com o descumprimento da promessa feita pelo Catar de que trataria melhor os trabalhadores imigrantes.
Ao se manifestar sobre o caso em nota, o governo comunicou que "vários manifestantes foram detidos por violar as leis de segurança pública". Além disso, confirmou que Al Bandary estava devendo pagamentos, mas que o Ministério do Trabalho irá arcar com os valores atrasados.
"A empresa estava sendo investigada pelas autoridades por não pagar os salários relacionados ao incidente, e agora serão tomadas mais medidas para acertar um prazo para acertar os pagamentos de salários que não foram cumpridos", afirmou o governo, sem dar detalhes sobre a situação em que se encontram os trabalhadores detidos.
Segundo a Equidem, a polícia levou os manifestantes a um centro de detenção, onde estão sofrendo com um calor sufocante, sem ar condicionado. Nesta semana, os termômetros marcaram 41° graus em Doha. Os policiais teriam dito que "se podem protestar no calor, podem dormir sem ar condicionado", conforme relatou Mustafa Quadri.