Rio - Mesmo com as avaliações do Observatório da Intervenção Federal na Segurança Pública no Rio de Janeiro de que, passados seis meses da intervenção, os moradores do Rio continuam a sofrer com tiroteios, mortes e insegurança, os militares asseguram que as operações no Estado estão dando certo e apresentam números para defender o trabalho das tropas federais.
Relatório elaborado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, entregue ao presidente Michel Temer no início da semana, informa que o número de latrocínios (roubos seguidos de morte) caiu 55%, se comparado o mês de março de 2018, assim que começou a intervenção, a julho. Ainda comparado o mesmo período, segundo os dados do ISP apresentados a Temer, crimes com letalidade violenta caíram 14,15%, homicídios dolosos foram reduzidos em 19,69%, roubo de veículos diminuíram 34,34%, roubo de carga caiu 20,63%, roubo a estabelecimento comercial 21,71%, e roubo de rua caiu 1,65%.
"Esses números do ISP comprovam que o trabalho da intervenção está dando certo, ao contrário do que tentam dizer", disse à reportagem o general Walter Braga Netto, responsável pela intervenção federal, que esteve em Brasília, participando da reunião do Alto Comando do Exército. A avaliação é de que, "em que pesem as notícias negativas, a intervenção federal está dando certo".
Um dos dados apresentados pelo general Braga Netto para mostrar que o trabalho que está sendo realizado é de reconstituição do Estado na área de segurança pública e das polícias do Rio é que, no último mês, nenhum policial militar foi morto. Para ele, este resultado é fruto do treinamento que está sendo oferecido aos policiais militares nos centros do Exército que, sequer, faziam prática de tiro e, com isso, ficavam mais vulneráveis. Agora, conforme relato dos responsáveis pela intervenção no Rio, os policiais estão em condições de enfrentar os bandidos e, nesse enfrentamento, o outro lado é que está sendo abatido.
"Nunca prometemos que em seis meses íamos resolver o problema da insegurança no Rio", desabafou o general Braga Netto, ao citar que todo o esforço, neste momento, é de reconstituição da estrutura das polícias, que passa por treinamento do pessoal, compra de armamentos, carros, coletes a prova de bala. "É um trabalho estrutural, de reconstituição", observou ele, insistindo que neste período a polícia está mais motivada e os índices de criminalidade foram reduzidos significativamente e até o fim do ano os números vão melhorar, gradativamente.
No governo, o avaliação é de que a guerra que o gabinete de intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro está perdendo é a da comunicação. Por isso, no Planalto, assessores do presidente ressaltam que é preciso que o gabinete de intervenção divulgue mais e com mais frequência os resultados dos trabalhos para que isso ajude a reverter a sensação de insegurança que ainda possa existir. Para os militares, o objetivo deles é de focar na realização da melhoria das condições de segurança à população e não de se preocupar em vender na mídia o que está sendo feito no Rio.
Neste processo todo, ainda houve o "embate" com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que, atendendo a pressões, colocou à disposição do gabinete de intervenção a Polícia Federal para investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, sob a alegação de que poderia haver suspeita de envolvimento de agentes públicos no caso. A Secretaria de Segurança Pública rejeitou a proposta.
Os militares consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo lembraram que, como a segurança pública do Rio está sob intervenção federal, a Polícia Federal já está trabalhando em cooperação com a Polícia Civil, que está cuidando do caso, desde o início das apurações. Além disso, o gabinete de intervenção considera que a Polícia Civil é o órgão com mais competência técnica para investigar um homicídio.
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