Sérgio foi o quarto a depor e, como a viúva Luciana, também estava bastante abalado. O sogro de Evaldo estava no banco do carona e precisou tomar a direção do automóvel quando o genro foi baleado. "Ele caiu desfalecido no meu ombro. Tentei guiar o carro por alguns metros, até conseguir puxar o freio de mão".
A quinta testemunha foi Michele Neves, amiga do casal, que também estava no carro. Segundo a jovem, os militares não esboçaram qualquer reação de socorro aos feridos. "Buscamos abrigo em uma casa. No primeiro momento, não sabia nem que o Sérgio havia sido atingido. Eles permaneçam frios, mesmo depois que viram que o erro havia sido cometido".
As outras três testemunhas ouvidas são moradores do prédio Minhocão, que fica próximo ao local do ataque contra o carro da família. Duas delas foram taxativas ao dizer que viram toda a cena e reforçam a linha apresentada pela acusação e pelo Ministério Público Militar (MPM) de que os militares fizeram diversos disparos contra o veículo, inclusive no momento do socorro tentado pelo catador Luciano.
"Todos os depoimentos foram muito firmes de que não ouve trocas de tiros. Duas das testemunhas que moram no prédio deram riqueza de detalhes e disseram que viram da janela os militares atirando contra o carro, além da Michele e do Sérgio, que estavam no veículo", disse André Perecmanis, advogado que é assistente de acusação. As testemunhas também reafirmaram que os militares não prestaram socorro e ficaram debochando.
Um terceiro morador ouvido foi o responsável que pela gravação que mostrou o desespero dos familiares ao lado do carro fuzilado, com Evaldo e Luciano já baleados. Ele se abaixou quando começaram os disparos, mas continuou com a mão para fora e registrou o flagrante. "Todas as cápsulas que foram recolhidas perto do carro são dos militares, os veículos deles não foram atingidos por nenhum disparo", falou Perecmanis.
Os primeiros três depoimentos foram da vítima do assalto, Marcelo Bartoly, que ouviu a grande quantidade de disparos, mas não soube dizer quem eram os atiradores. Também foram ouvidas as viúvas de Evaldo e Luciano. Luciana dos Sanos Nogueira, mulher do músico, ficou visivelmente abalada no depoimento e desconfortável com a presença dos militares, ela pediu que eles saírem da sala de audiências, o que foi determinado pela juíza Mariana Aquino de Campos. A solicitação também foi feita por Sérgio e outras duas testemunhas.
Habeas corpus será julgado na quinta-feira
Nesta quinta-feira será reiniciado o julgamento do habeas corpus solicitado pela defesa dos nove militares que estão presos. O Superior Tribunal Militar (STM) interrompeu o julgamento do pedido de liberdade após um dos ministros pedir vistas do processo, quando quatro magistrados já tinham votado, três favoráveis à soltura e um voto contrário.
No julgamento no STM, a ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, a única que votou contra a concessão do habeas corpus, revelou que a perícia realizada mostrou que os militares fizeram mais de 200 disparos e que 63 deles atingiram o veículo do músico Evaldo Rosa.