Ana Cristina Pacheco Luciano teve 80% do corpo queimado e morreu cerca de um mês depois - Arquivo Pessoal
Ana Cristina Pacheco Luciano teve 80% do corpo queimado e morreu cerca de um mês depoisArquivo Pessoal
Por RAFAEL NASCIMENTO e RAI AQUINO
Rio - Morreu, na manhã desta quinta-feira, a menina que teve 80% do corpo queimado ao cair em uma poça de gasolina em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no último dia 26 de abril. A informação foi dada pela mãe de Ana Cristina Pacheco Luciano, de 9 anos, a dona de casa Fernanda Pacheco, 26. A Secretaria estadual de Saúde confirmou a informação, mas não deu detalhes da causa da morte.
Ao falar sobre a morte da filha, no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, onde a criança estava internada no CTI há quase um mês, Fernanda estava visivelmente muito abalada. "Perdi minha filha, perdi o meu maior bem", lamentou, aos prantos.
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De acordo com a família, Ana já estaria falando e se alimentando por via oral. No fim desta madrugada, a criança teria tido duas paradas cardiorrespiratórias, não resistindo.
"Ela começou a passar mal às 5h e eu corri e chamei os médicos. A minha filha estava estranha. Eles (os médicos) vieram e disseram que a minha filha estava desidratando. E logo depois ela teve a parada cardiorrespiratória e não resistiu", Fernanda relembra. "Eles não me explicaram como a minha filha teve essa parada. Os exames constavam que ela estava bem. A minha filha sairia do CTI hoje, iria para o quarto e depois ela seria transferida para outro hospital", acrescenta, dizendo que Ana iria ser levada para o Hospital do Andaraí, que tem um centro para tratamento de queimados.
Fernanda Pacheco, mãe da Ana, estava muito abalada após saber da morte da filha - Armando Paiva / Agência O Dia
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SAGA DA MÃE
Muito religiosa, Fernanda tinha a esperança de que a única filha se recuperaria e iria deixar o hospital. Na unidade de saúde de Caxias, a dona de casa cantava "Tu és a medicina do céu, socorro bem presente pra mim", música gospel do cantor Anderson Freire.
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Os amigos e familiares contam que Fernanda vivia no hospital desde que a filha foi internada.
"A Fernanda trocou a casa dela pelo hospital. Ela não saia daqui, ficava 24 horas na esperança dela sair do hospital", afirma a dona de casa Camila Guaraciaba, 25, que é amiga da família. "Ontem completaram duas semanas que eu vim aqui, ainda a alimentei na boca. Falamos, ela brincou, riu e hoje ela morreu".
A tia da Ana, Fátima Paes Leme Pacheco também esteve no Hospital de Saracuruna - Armando Paiva / Agência O Dia
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INFECÇÃO
Camila engrossa o coro da família que reclama de que os médicos do Hospital de Saracuruna não teriam descoberto a bactéria que teria sido contraída pela menina na unidade.
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"Ninguém conseguiu diagnosticar o que a menina tinha. É um absurdo isso!", a amiga da família reclama.
Procurada pelo DIA, a Secretaria estadual de Saúde informou que o Hospital de Saracuruna tem passado por inspeções regulares sobre contaminação e investiga as denúncias dos familiares de Ana.
Vazamento de combustível intoxicou moradores dos bairros de Parque Capivari e Amapá - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
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ROUBO DE COMBUSTÍVEL
A pequena Ana e outras quatro pessoas ficaram feridas pelo vazamento do combustível que aconteceu após uma tentativa de roubo de gasolina em um duto da Transpetro próximo à Estrada Rio D'Ouro, nos bairros Parque Capivari e Amapá. Além da criança, Olavo Pacífico de Santos, 51, e Antônio M. da Silva, 53, chegaram a ser hospitalizados. Os dois não tiveram ferimentos graves.
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A menina ficou gravemente ferida após ter contato com gasolina tipo A. De acordo com a Transpetro, o combustível é mais forte e puro, já que não passou ainda pelo processo de refino, o que aumenta o risco de queimaduras ao simples toque.
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DESMAIO EM POÇA
Na época, a mãe de Ana disse que a menina chegou a ficar desacordada sobre o combustível. Na ocasião, a criança passou por cirurgia para a retirada de pele queimada, chegando a ficar toda enfaixada e respirando com a ajuda de aparelhos.
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O cachorro da família chegou a morre na ocasião, por intoxicação causada pela fumaça do combustível, que se espalhou pela região.