Moradores do São Carlos denunciam PMs por invasão de casas e roubos em comércios
Relatos começaram depois da permanência de agentes de segurança no Complexo do São Carlos por conta do confronto entre facções criminosas. Na noite desta sexta, moradores fizeram um protesto em frente ao Hospital Central da PM, no Estácio
Rio - Moradores e comerciantes do Complexo do São Carlos, no Estácio, Região Central do Rio, estão denunciando policiais por abuso de autoridade. As reclamações das vítimas foram feitas ao presidente da Associação de Moradores do Morro da Mineira, o 'Nenel da Mineira', que decidiu expor o caso. Segundo ele, os abusos ocorreram após a permanência de agentes de segurança no local devido ao confronto entre facções criminosas do Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), que começou nesta quarta-feira. No início da noite desta sexta-feira, moradores fizeram um protesto em frente ao Hospital Central da PM, no Estácio.
"A polícia está ocupando aqui, só que agora ela começou a entrar nas casas e os moradores estão me falando que eles pegam alguns objetos, quebram as coisas. Eu sei que aqui virou uma guerra, mas eles estão passando dos limites", afirma Nenel.
Publicidade
Uma moradora, que preferiu não ser identificada, disse que independente de ser da favela ou não, os moradores não tem nada a ver com o crime organizado. "A gente rala muito para ter as coisas, para ter uma televisão, ter uma coisa direitinha como pobre. Aí eles aparecem e quebram tudo? Eles levaram nossas coisas, até comida eles pegaram", afirma a mulher.
Publicidade
A reportagem também falou com um comerciante da região, que prefere o anonimato. Segundo ele, que tem uma espécie de "birosca", onde vende bebidas, o prejuízo foi grande após os policias beberem no local e levar sacolas com várias bebidas alcoólicas.
"Eu cheguei lá e tava aberto, sendo que eu tinha deixado tudo fechado. Quando entrei, tinham três policiais e várias garrafas de cerveja abertas, pelo menos seis destilados em uma sacola. Até um brinquedo da minha filha levaram. Agora só amanhã mesmo que eu vou poder saber o que mais eles levaram", disse o comerciante.
Publicidade
Além disso, ele conta que os policiais militares disseram que tinham ido até o estabelecimento após receberem uma denúncia dizendo que lá tinha armas e drogas. "Eu falei para eles olharem tudo e disse que eles não iam encontrar nada. Depois eles confirmaram que não acharam nada e eu pedi licença porque ia fechar o bar", concluiu.
Procurada pelo DIA, a Polícia Militar informou que não compactua com quaisquer desvios de conduta por parte de seus integrantes. "As denúncias que chegam ao conhecimento da Corregedoria da Polícia Militar são apuradas. No entanto, a acusação implica em elementos e provas a serem apresentadas para que se indique o que deve ser apurado. Tais situações desviantes serão devidamente responsabilizadas quando comprovadas, sendo respeitado no processo o direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório", diz a nota.
Publicidade
A PM disse que as denúncias podem ser feitas pelos canais da Corregedoria da Polícia Militar, através do telefone pelo número (21) 2725-9098 ou ainda pelo e-mail denuncia@cintpm.rj.gov.br. O anonimato é garantido.
Operação na região continua
Publicidade
Policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC) realizaram a apreensão de um fuzil e cerca de meia tonelada de drogas que estava enterrada em uma região do Morro do Fallet, em Santa Teresa, nesta sexta-feira. A PM disse que a apreensão faz parte das ações de estabilização do Complexo de Comunidades do São Carlos.
Durante a ação, os policiais foram atacados, mas disseram não terem reagido. Em dado momento, os cães das equipes tiveram a atenção voltada a uma casa aparentemente abandonada.
Publicidade
Nos fundos do local, enterrados, foram encontrados um fuzil M-16, seis carregadores, duas granadas, cerca de 130 tabletes de maconha com aproximadamente 2,5kg cada, 2.480 papelotes de cocaína, um saco com 5kg de cocaína, uma bola com 1kg de cocaína embalada, 8.270 pedras de crack, 2.660 trouxinhas de maconha e 10 vidros de ‘cheirinho da loló’. A ocorrência está sendo registrada na 7ª DP (Santa Teresa).
Na tarde desta sexta foi enterrado o corpo de Ana Cristina da Silva, de 25 anos, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio. A jovem estava com o filho de três anos quando ficou no meio de um confronto no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio. Ela se curvou para proteger o filho e foi atingida por tiros de fuzil na cabeça e na barriga.
Publicidade