Coronel Jairo, do Solidariedade, tem como reduto eleitoral a Zona Oeste e é um  dos nomes importantes da Mocidade Independente de Padre Miguel. Foi eleito deputado quatro vezes e  já presidiu comissão de Segurança Pública
Coronel Jairo, do Solidariedade, tem como reduto eleitoral a Zona Oeste e é um dos nomes importantes da Mocidade Independente de Padre Miguel. Foi eleito deputado quatro vezes e já presidiu comissão de Segurança PúblicaReprodução
Por O Dia
Rio - O Superior Tribunal de Justiça (STF) determinou que a ação de corrupção contra o ex-deputado estadual Coronel Jairo, pai do vereador Dr. Jairinho, suspeito de assassinar o enteado Henry Borel, seja julgada por um novo juiz. A ação que já tramita há mais de dois anos na Justiça, terá um julgamento começando do zero. 
Em 2018, Coronel Jairo era deputado estadual e foi um dos presos na Operação Furna da Onça, que apontou a compra do parlamentar por R$ 50 mil, em troca de votos favoráveis ao grupo político do ex-governador Sérgio Cabral. Ele era um dos 10 parlamentares acusado de integrar a quadrilha do ex-governador na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Segundo a investigação, Jairo tinha total controle sobre os postos do Detran de Bangu e Campo Grande, nomeando funcionários.
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Em 16 de abril, a Segunda Turma do STF remeteu o processo de André Corrêa, um dos réus, à Justiça Eleitoral. Como os processos são ligados, todos os investigados irão responder a ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
"A Turma, por maioria, deu parcial provimento ao agravo regimental, para conceder em parte a ordem ao agravante e declarar a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar a Ação Penal, devendo os autos serem remetidos para o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro", decisão do STF. 
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No dia 25 de março, o ministro do STF Gilmar Mendes deferiu o processo do caso do Coronel Jairo para outro juízo. "Ante o exposto, defiro o pedido de extensão para declarar a incompetência da 7ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro para processar e julgar a ação penal e determinar a imediata remessa dos autos para o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro. Esclareço que o juízo competente deverá se manifestar sobre a convalidação dos atos decisórios praticados pelo juízo incompetente". 
Os dez deputados acusados de integrar a quadrilha de Cabral:
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1. André Corrêa
2. Chiquinho da Mangueira
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3. Coronel Jairo
4. Edison Albertassi
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5. Jorge Picciani
6. Luiz Martins
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7. Marcelo Simão
8. Marcos Abrahão
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9. Marcus Vinicius "Neskau"
10. Paulo Melo
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Todos terão o processo reiniciado.
Relembre a operação
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Os deputados foram presos acusados de usarem a Alerj a serviço de interesses da organização criminosa do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que em troca pagava propina mensal ("mensalinho"), que variava de R$ 20 mil a 100 mil reais, durante seu segundo mandato (2011- 2014). Os valores eram pagos em troca de votos em favor de projetos de lei de interesse da organização.

De acordo com as investigações, a propina resultava do sobrepreço de contratos estaduais e federais. As empresas do Grupo Prol ofereciam as vagas de trabalho prometidas aos deputados estaduais pelo Executivo estadual. Em troca, o Poder Executivo estadual garantia ao Grupo Prol contratos vantajosos com órgãos e pessoas jurídicas vinculadas ao Estado.

Além de Cabral, comandavam a organização investigada os ex-presidentes da Alerj Jorge Picciani e Paulo Melo, presos em 2017 na Operação Cadeia Velha.

A delação de Carlos Miranda, considerado como o operador financeiro do esquema chefiado pelo Cabral, foi usada como fonte para a denúncia do Ministério Público Federal que levou às prisões dos deputados estaduais do Rio. Ela indica que André Corrêa recebia R$ 100 mil por mês, Marcos Abrahão e Luiz Martins recebiam R$ 80 mil, e Marcos Vinícios "Neskau" recebia R$ 50 mil.

Na denúncia, há também os valores pagos a Edson Albertassi (R$ 80 mil por mês), Chiquinho da Mangueira (mais de R$ 3 milhões), Coronel Jairo (R$ 50 mil por mês), Jorge Picciani (R$ 400 mil por mês), Marcelo Simão (R$ 20 mil por mês) e Paulo Melo (R$ 900 mil por mês).

O nome da operação faz referência a uma sala de reuniões que fica perto do plenário da Alerj, onde os deputados, segundo as investigações, se reuniam para rápidas discussões antes das votações no plenário.
Coronel da PM e CPI das Mílicias
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Coronel da PM, Jairo de Souza Santos, conhecido como Coronel Jairo, foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 2002. Seu nome já era conhecido na Zona Oeste do Rio: ele é considerado o 'eterno presidente' do Ceres Futebol Clube, time que disputa divisões inferiores do futebol carioca e, apesar de mais modesto, nutre certa rivalidade com o vizinho Bangu Atlético Clube.
Em 2004 foi a vez do filho ser alçado à política. Jairinho, impulsionado pela popularidade do pai, foi eleito vereador com pouco mais de 23 mil votos. À época com 26 anos, ainda não assinava como 'doutor'.
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Entre 2007 e 2008, a família sofreu sua primeira grande crise política: coronel Jairo foi citado na CPI das Milícias da Alerj como um dos supostos líderes da milícia Liga da Justiça, ao lado dos também parlamentares Jerominho e Natalino.
Coronel Jairo foi suplente de deputado estadual entre 2015 e 2019, mas assumiu a cadeira ao longo do mandato.
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Morte de Henry Borel
Jairinho foi reeleito ao cargo de vereador nos anos de 2008, 2012, 2016 e 2020, e passou a ter mais projeção política do que o pai. Contudo, a família oriunda de Bangu, voltou a se envolver em mais um escândalo. Dr. Jairinho, foi preso no inicio do mês por ser o principal suspeito da morte do enteado Henry Borel, de quatro anos, no último dia 8 de março.
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Ele foi levado da Cadeia Pública de Benfica, na Zona Norte, para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste. A Polícia Civil identificou que poucas horas após o crime o vereador usou sua força política para despistar a investigação: pediu para um alto executivo da Saúde para não encaminhar o corpo ao IML, combinou versões com testemunhas e chegou a ligar para o governador em exercício, Cláudio Castro.