Em Paciência, parede foi pichada em homenagem a Ecko e o irmão Carlinhos Três PontesREPRODUÇÃO INTERNET

Por Yuri Eiras
Rio - O miliciano Wellington da Silva Braga, de 34 anos, o Ecko, investiu em armas e homens para tomar as favelas de Santa Cruz das mãos do tráfico, em 2018. O período gerou cenas que moradores jamais gostariam de ver de novo, como aquela em 8 de outubro, quando dezenas de criminosos armados, encapuzados e uniformizados como uma tropa de elite policial tomaram a Favela do Rola ainda de manhã. A cena, transmitida ao vivo pela televisão e filmada por um helicóptero, chocou a sociedade e a própria polícia. Pouco mais de dois anos depois, volta a rondar a região o medo de que, com a morte do miliciano mais procurado do Rio, outra guerra contra o tráfico seja deflagrada.
Hoje controladas pelo grupo de Ecko, as comunidades do Rodo, Antares, Rola e Cesarão já foram dominadas por traficantes do Comando Vermelho (CV). Nas redes sociais, usuários identificados como integrantes da facção prometem retornar à região, cortada por três grandes avenidas que ligam os bairros de Santa Cruz, Paciência e Campo Grande. "Nós vamos voltar para casa, Deus é justo", escreveu um. "Hora de aproveitar essa fragilidade", disse outro.
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Os milicianos usaram táticas militares durante a invasão ao Rola, vestindo roupas semelhantes às usadas pelos policiais militares - Reprodução / TV Globo
Os milicianos usaram táticas militares durante a invasão ao Rola, vestindo roupas semelhantes às usadas pelos policiais militaresReprodução / TV Globo
Familiares e pessoas próximas de Ecko bloquearam suas contas nas redes sociais, após mensagens de perfis identificados como de facções rivais. Alguns trocaram o nome do perfil para 'Família Braga de Luto'. "O império da Família Braga vai continuar", escreveu um.
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"O clima aqui está pesado. Parece que as pessoas estão tensas com uma possível invasão, confronto. E o bairro está 'tampado' de polícia", conta um morador da comunidade Três Pontes, em Paciência, onde Ecko foi capturado e morto no último sábado (12). Segundo o morador, a comunidade está silenciosa, mas mensagens de "quem traiu, vai pagar" pipocaram em grupos de WhatsApp do bairro, ao longo do dia da morte de Ecko. Durante o enterro do miliciano, na manhã deste domingo (13), fogos foram ouvidos em Paciência durante alguns minutos. "Ele era conhecido, mas não era tão visto. A comunidade está mais tensa do que de luto", completou.
Corpo do miliciano Ecko é enterrado com longa queima de fogos  - Divulgação
Corpo do miliciano Ecko é enterrado com longa queima de fogos Divulgação
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No sábado, após a morte de Ecko, um grupo de manifestantes chegou a interditar um trecho da Avenida Cesário de Melo, com pneus e lixos na via. Um veículo de imprensa chegou a ser apedrejado. A região amanheceu com reforço policial neste domingo (13). "Policiais militares do 2° Comando de Policiamento de Área (CPA) e das Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) seguem reforçando o policiamento na região", afirmou a Polícia Militar, em nota.
Irmãos e comparsas podem ser os sucessores de Ecko na milícia
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Com a morte de Ecko, a Polícia Civil já sabe quem podem ser os possíveis herdeiros na linha sucessória do grupo controlado pelo miliciano, que tinha sob seu domínio territórios extensos na Zona Oeste e Baixada Fluminense. O DIA apurou que entre quatro nomes, dois são irmãos de Ecko, o que daria o pontapé a uma terceira geração do crime na família Silva Braga - o irmão de Ecko, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, foi o principal nome da milícia até sua morte, em abril de 2017.
Garça' e 'Latrel', homens de confiança, podem assumir o poder, mas Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Wallace da Silva Braga, o Batata, irmãos de Ecko, também estão na 'linha sucessória' da milícia. Preso desde o mês passado, Wallace foi classificado como criminoso de alta periculosidade.
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"Ao longo de vários meses, nós fomos montando esse quebra-cabeça que é a milícia do estado. Eles se antecipam normalmente em relação as nossas equipes, até em relação a aeronave", disse Pena. "A investigação continua.O irmão dele foi preso e tentou tomar o fuzil de um dos policiais da Draco. Vamos representar que ele vá para presídio federal, considerando que ele pode estar na linha sucessória".