Bandido está foragidoREPRODUÇÃO

Por O Dia
Rio - Além da cobrança de taxas ilegais de segurança para moradores e comerciantes, a milícia de Wellington da Silva Braga, o Ecko, também investia na monopolização da venda de cestas básicas em comunidades dominadas da Zona Oeste. Uma das anotações encontradas no caderno do miliciano, morto no último sábado (12) pela Polícia Civil, revela a compra de R$ 100 mil em cestas básicas.
Como revelado pelo DIA, horas antes da operação Dia dos Namorados, agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) informaram que já estavam monitorando essa movimentação. Em uma outra apuração da especializada, antes da morte de Ecko, o grupo miliciano armou um esquema de agiotagem, realizando empréstimos de dinheiro sob juros abusivos. No caderno apreendido, uma anotação de Ecko mostra que os empréstimos chegavam a R$ 50 mil para uma única pessoa.

A Polícia Civil do Rio acredita que o caderno apreendido na casa do miliciano, com cerca de 60 páginas com anotações de repasse de armamento de guerra e munições, possa ajudar no andamento das investigações da Força-Tarefa montada para desarticular os principais braços financeiros que eram mantidos pelo criminoso.
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Arsenal de fuzis e munições 
De acordo com o delegado Willian Pena Júnior, diretor da Draco, Ecko tinha mais de 100 fuzis emprestados em mais de 50 comunidades do Rio. No caderno, bairros do Rio, como Santa Maria, na Taquara; Gardênia Azul; Estrada do Campinho, em Campo Grande e Belford Roxo recebiam armamento do grupo. Um dos criminosos que consta nas anotações, identificado como 'Bundão', chegou a receber de uma só vez oito fuzis com 22 carregadores, além dezenas de carregadores para outros tipos de armamento.
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Um traficante, identificado como Bundão, recebeu oito fuzis com 22 carregadores, segundo anotações de Ecko - Divulgação
Um traficante, identificado como Bundão, recebeu oito fuzis com 22 carregadores, segundo anotações de EckoDivulgação
Faturamento de mais de R$ 1 milhão
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A polícia acredita que o Bonde do Ecko fature mais de R$ 1 milhão, por mês, só com cobranças extorsivas a comerciantes da Gardênia Azul. O levantamento, a qual DIA teve acesso com exclusividade, foi feito após a prisão de Alberto Domingos Teixeira Bastos, conhecido como Beto Bala, de 39 anos, apontado como um dos gerenciadores de cobranças da milícia. Com o paramilitar, os agentes apreenderam centenas de fichas de prestação de contas.
"Nessas fichas estavam alguns endereços e os nomes das vítimas, com os valores que cada uma tem que pagar mensalmente para a milícia, a data do pagamento. É uma taxa ilegal e extorsiva de segurança. Apreendemos mais de 300 fichas de prestação de contas e conseguimos fazer esse mapeamento, baseado nos endereços dos comerciantes explorados. Mas isso foi só no que a gente apreendeu, ainda tem outros, com certeza", explicou Pena.
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Morte de um dos milicianos mais procurados do Rio de Janeiro 
Wellington da Silva Braga, o Ecko, morreu na manhã do último sábado (12) durante uma operação da Polícia Civil no bairro de Paciência, na Zona Oeste do Rio. Ele chegou a ser socorrido de helicóptero e levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, ainda com vida, mas não resistiu aos feridos e morreu.
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Ele foi baleado pelo menos duas vezes pouco abaixo do peito durante o cerco da Polícia Civil. A operação, batizada de Dia dos Namorados, é parte da Força-Tarefa de Combate às Milícias, criada em outubro de 2020, com o objetivo de asfixiar o braço financeiro das organizações criminosas.
Ecko liderava a maior milícia do Rio de Janeiro, que atua na Zona Oeste e regiões da Baixada Fluminense. Ele foi encontrado na casa de parentes na comunidade das Três Pontes, em Paciência, Zona Oeste do Rio.