O delegado Maurício Demetrio (à esquerda). Foto de arquivoLuciano Belford/Agência O Dia

Por O Dia
Rio - O delegado titular da Delegacia do Consumidor (Decon), Maurício Demétrio, preso na manhã desta quarta-feira na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, já caracterizou como "assustador" um agente de segurança estar envolvido em algum tipo de crime. Na época, Demétrio era titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) e realizou uma operação falsa, em março, com a intenção de obstruir e enfraquecer investigações que já estavam em andamento contra ele e seu grupo. Demétrio chegou a envolver e prender em flagrante o delegado Marcelo Machado, quem o investigava. Ele foi solto após pagar fiança. Nesta manhã, Demétrio foi preso suspeito de cobrar propina a comerciantes de produtos falsos.
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"É assustador saber que um agente de segurança está envolvido nesse tipo de crime. Eu ainda não estou acreditando. Fizemos nossa parte. A partir de agora todos passam a ser investigados pela Corregedoria da Polícia Civil", disse Demétrio na época.
A operação comandada por Demétrio tinha como objetivo desmontar um grupo criminoso composto por agentes da Polícia Civil do Rio. Na época, ele apontou o delegado Marcelo Machado como "operador de um grupo criminoso composto por outros quatro delegados", que supostamente confeccionavam roupas falsas. Machado, que na época estava lotado no Setor de Investigações Complexas, investigava justamente a atuação de Demétrio. As investigações começaram em meados do ano passado, quando comerciantes de Petrópolis, na Região Serrana, e de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, procuraram a delegacia e denunciaram que estavam sendo coagidos e ameaçados por um grupo de empresários. 
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A denúncia do Ministério Público aponta que o grupo de Demétrio forjou conversas de Whatsapp se passando por interessados em adquirir camisetas fabricadas pela confecção que pertence a Marcelo Machado e seu sócio, Alfredo Dias Babylon. Os produtos encomendados foram usados para incriminar Machado na operação falsa. O Gaeco, no entanto, percebeu que a representação contra Machado foi feita e apresentada em data anterior à encomenda das camisas, antes mesmo de elas existirem.
Na manhã desta quarta-feira, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ) deflagrou a operação. O MP investiga uma organização criminosa que cobrava propina a comerciantes de produtos falsos e atuava dentro da própria Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), responsável por combater a pirataria. Além do delegado, policiais civis e perito criminal faziam parte do grupo.
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Segundo o Ministério Público, o esquema ocorreu entre março de 2018 e março de 2021, quando Maurício Demétrio era o titular da DRCPIM. O delegado e outros policiais civis exigiam dos lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, o pagamento de propina de R$ 250 semanais para permitir que continuassem a venda de roupas falsas. A Rua Teresa é conhecida pelo comércio popular na Região Serrana.
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O esquema criminoso era dividido por dois núcleos: um agia em Petrópolis e era responsável por ameaçar diretamente os lojistas e recolher os valores cobrados. Este era formado por Alex Sandro Gonçalves Simonete, Ana Cristine de Amaral Fonseca e Rodrigo Ramalho Diniz. O outro núcleo era formado pelos policiais civis, que cumpriam diligências policiais contra determinados lojistas como "forma de represália" a quem não pagasse a propina, segundo o Gaeco, subvertendo "a estrutura da Polícia Civil em instrumento de organização criminosa".
O objetivo da operação do Ministério Público é cumprir oito mandados de prisão e 14 de busca e apreensão, alguns na própria DRCPIM, na Cidade da Polícia. O delegado foi preso em casa, em um condomínio de luxo na Barra.
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Em nota, a Polícia Civil informou que a Corregedoria "já possui procedimentos abertos sobre este caso e solicitará informações ao Ministério Público sobre a operação de hoje para juntar nas investigações".