Delegado Maurício Demétrio Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Por O Dia
Rio - A Polícia Civil do Rio exonerou o delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, preso nesta quarta-feira, do cargo de titular da Delegacia do Consumidor (Decon), onde estava desde março deste ano. Com a mudança, que foi publicada no Boletim Interno da polícia desta quarta-feira, o delegado Ricardo Barboza de Souza assumiu a especializada. Ele estava lotado no Departamento Geral de Gestão de Pessoas (DGGP), para onde Demétrio foi transferido.
Maurício Demétrio foi preso na manhã desta quarta-feira (30), na Barra da Tijuca, durante a Operação Carta de Corso, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco/MPRJ). O MPRJ investiga uma organização criminosa que cobrava propina a comerciantes de produtos falsos e atuava dentro da própria Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), responsável por combater a pirataria.
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Segundo o Ministério Público, o esquema ocorreu entre março de 2018 e março de 2021, quando Demétrio era o titular da DRCPIM. O delegado e outros policiais civis exigiam dos lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, o pagamento de propina de R$ 250 semanais e outras vantagens indevidas para permitir que continuassem a venda de roupas falsas. A Rua Teresa é conhecida pelo comércio popular na Região Serrana.
O esquema criminoso era dividido por dois núcleos: um agia em Petrópolis e era responsável por ameaçar diretamente os lojistas e recolher os valores cobrados. Este era formado por Alex Sandro Gonçalves Simonete, Ana Cristine de Amaral Fonseca e Rodrigo Ramalho Diniz, comerciantes na Região Serrana. No Rio, Ricardo Alves Junqueira, advogado, e Alberto Pinto Coelho também foram denunciados pelo MP.
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O outro núcleo era formado pelos policiais civis, que cumpriam diligências policiais contra determinados lojistas como "forma de represália" a quem não pagasse a propina, segundo o Gaeco, subvertendo "a estrutura da Polícia Civil em instrumento de organização criminosa". Celso de Freitas Guimarães Junior, Vinicius Cabral de Oliveira, Luiz Augusto Nascimento Aloise são os policiais civis denunciados, junto com o perito criminal José Alexandre Duarte e o delegado da Decon, Maurício Demétrio.
Delegado pode ter lavado dinheiro de propina com carros de luxo
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A denúncia do Ministério Público que aponta o delegado Maurício Demétrio como 'capo' de um grupo que cobrava propina de comerciantes em Petrópolis cita a aquisição de veículos de luxo como forma de lavar o dinheiro das extorsões. Na denúncia, o Ministério Público cita que, nos últimos dois anos, Maurício Demétrio adquiriu uma Range Rover/Evoque modelo 2016, um Toyota Hilux SW4 modelo 2009, e uma Mercedes-Benz 350 modelo 2015.
Para o MP, o delegado "converteu recursos espúrios provenientes, direta ou indiretamente, da prática de crimes de concussão em ativo lícito em ativo lícito mediante a aquisição" dos veículos. Nenhum deles está em seu nome no cadastro do Detran-RJ - o primeiro está vinculado a Verlaine, esposa de Demétrio.
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Contudo, ao chegar preso à Corregedoria da Polícia Civil, no Centro, Demétrio afirmou que todos os veículos foram comunicados à Corregedoria, assim como foram declarados os pacotes de dinheiros encontrados em seu apartamento, na Barra da Tijuca. "O dinheiro foi declarado no Imposto de Renda, inventariado, meus carros foram comunicados à Corregedoria. Foi uma retaliação, com certeza, capitaneada pelo Gaeco. Vou recorrer à Justiça. A Justiça resolve", afirmou Demétrio.