Flordelis durante julgamento no Fórum de NiteróiEstefan Radovicz / Agência O Dia

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Natasha Amaral
Rio - O advogado da família do pastor Anderson do Carmo repudiou, nesta segunda-feira, uma manifestação da defesa da deputada Flordelis. Ao DIA, Ângelo Máximo contou que foi ameaçado após se manifestar contra o pedido de revogação do monitoramento eletrônico da parlamentar. "A defesa requereu a revogação da medida cautelar que impôs o monitoramento eletrônico. Eu, como assistente de acusação, me manifestei no sentido do pedido ser indeferido pela necessidade da manutenção da medida. Então, a defesa dela insurgiu contra a minha petição ameaçando me representar na OAB e com uma ação indenizatória. Contudo, o Ministério Público se manifestou me dando razão em vários pontos".
Segundo o advogado, a defesa de Flordelis tenta tumultuar o processo e prejudicar sua atuação frente ao caso. "Eu não vou tomar medida nenhuma (além da nota de repúdio), porque eu entendo isso como um meio de tentar arrumar tumulto no processo a ponto de querer prejudicar a minha atuação e, de repente, querer minha exclusão do processo. Eu estou satisfeito com o que o Ministério Público se manifestou e não vou tomar nenhuma medida porque não há necessidade. Eu entendo que estou com a razão e não vou brigar".
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Após o pedido da defesa da parlamentar e os apontamentos do advogado da família do pastor Anderson do Carmo, o Ministério Público do Rio (MPRJ) se manifestou a favor do indeferimento da suspensão do monitoramento eletrônico. "Como ressaltado pelo assistente, há imperiosa necessidade de manutenção da medida, demonstrada seja pela sucessivas violações e descumprimentos ao monitoramento eletrônico, seja pelos fartos elementos constantes dos autos que fundamentaram a correta e necessária decisão de aplicação da medida à pronunciada", afirmou o Promotor de Justiça Carlos Gustavo Coelho de Andrade.
Quanto ao pedido da defesa da parlamentar para retirar do processo a manifestação do advogado de acusação, o Promotor foi enfático: "Por fim, não há qualquer irregularidade na manifestação do Assistente de Acusação, tal qual alegado pela defesa de Flordelis, não tendo qualquer cabimento ou pertinência o pedido de desentranhamento da peça ou admoestação ao advogado Assistente, cuja atuação não deve ser intimidada ou cerceada".
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Questionado sobre a possível representação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ângelo Máximo informou que só vai, de fato, tomar alguma medida caso levem a ameaça à frente. "A defesa da Flordelis quer a todo momento tumultuar o processo e se eu ficar nesse embate, vou estar fazendo o que eles querem. A não ser que me representem na OAB, mas aí é fora do processo. Dentro do processo não tem o que fazer, eles vão se enrolar nas próprias pernas deles".
Procurada, a defesa da deputada Flordelis, formada pelos advogados Rodrigo Faucz, Jader Marques e Janira Rocha, reafirmou todos os termos da petição apresentada em Juízo e informou que encaminhará a representação para a OAB. Confira a nota na íntegra:
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"A defesa da deputada Flordelis, formada pelos advogados Rodrigo Faucz, Jader Marques e Janira Rocha, reafirma todos os termos da petição apresentada em Juízo.
Também deixa claro que, como o advogado Ângelo Máximo violou normativas éticas profissionais, nesta semana será encaminhada representação para a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Rio de Janeiro, para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
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Por mais que o advogado assistente de acusação sempre busque tornar público tudo o que ocorre no processo para se autopromover, ainda assim ele precisa respeitar as regras processuais e constitucionais.
Jamais se pode esquecer que se trata de um processo judicial. Desta forma, apesar da sanha acusatória, é fundamental que todos os direitos e garantias previstos na Constituição, principalmente o da presunção de inocência, devido processo legal, ampla defesa e contraditório sejam assegurados".