Macaquinho é preso em força-tarefa da Polícia CivilDivulgação

Rio - Os policiais civis que prenderam o miliciano Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, na tarde desta quinta-feira, são os mesmos que participaram da operação que resultou na morte do também miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 12 de junho. No momento da captura, em uma comunidade no Campinho, Macaquinho estava na casa de um parente, onde foi encontrado escondido embaixo de uma cama.

Segundo os policiais, não houve resistência por parte de Macaquinho. No entanto, antes de chegarem até ele, houve intensa troca de tiros com seguranças do criminoso. Na fuga, os comparsas deixaram dois fuzis para trás, que foram apreendidos pelos agentes.

Macaquinho é apontado, ao lado de Danilo Dias Lima, o Tandera, como o principal chefe de milícia do estado que, até então, estava em liberdade. Tandera segue foragido. As outras duas principais lideranças, segundo os policiais, eram Ecko, morto em confronto com a polícia, e Carlos Eduardo Benevides Gomes, o Cabo Benê, que chefiava a região de Itaguaí e também foi morto em confronto, em outubro do ano passado.

"Quem se aventurar a assumir a posição dessas lideranças da milícia que estão sendo presas ou neutralizadas, vai ter o mesmo destino. É só uma questão de tempo. Quando chegamos ao Ecko, dissemos que nossos próximos alvos eram Macaquinho e Tandera. Hoje, o Macaquinho foi preso e o Tandera está na alça de mira da Polícia Civil", disse o delegado Felipe Curi, coordenador do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), em entrevista coletiva após a prisão.

As investigações que levaram à captura de Macaquinho duraram cerca de um ano. Segundo o delegado William Pena Júnior, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), a principal área de atuação do criminoso eram as regiões da Praça Seca e Campinho, na Zona Norte.

"É uma região que é palco de confrontos constantes entre milicianos e traficantes do Comando Vermelho. É possível que, após a prisão de hoje, haja confrontos pelo controle da região. Por isso, fizemos contato com a Polícia Militar para que reforce a atenção a essas áreas", disse Pena Júnior, acrescentando que a atuação da quadrilha de Macaquinho avançou para as comunidades Dois Irmãos, em Curicica, e Santa Maria, na Taquara.

Macaquinho e comparsas milicianos foram designados pelo delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, como 'narcoguerrilheiros': "Essa é a denominação correta que devemos passar a utilizar, pois esses criminosos primeiro estabelecem o controle do território para depois passarem a praticar os crimes".
Atividades criminosas e detalhes da operação
Publicidade
Além das práticas típicas de milícia, como a cobrança de taxas de segurança, gás e água e negociação de imóveis, a quadrilha de Macaquinho também atua no tráfico de drogas em associação à facção Terceiro Comando Puro, como destacou o delegado Marcus Amim, titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod):

" A designação narcoguerrilheiro cai como uma luva no caso dele, pois havia a venda de drogas em todas as regiões que ele chefiava".

O delegado Rodrigo Oliveira destacou a atividade de inteligência policial realizada antes da operação, o que, segundo ele, levou a uma ação 'cirúrgica' e 'enxuta', com a presença de um grupo reduzido de policiais: cerca de 20. Os agentes tiveram o apoio de uma aeronave, que ajudou na localização de Macaquinho.

"Após o confronto com os seguranças de Macaquinho, nosso objetivo era chegar o mais rápido possível à casa em que Macaquinho estava. A aeronave foi fundamental neste momento, pois ele fugiu do local, fugindo pelas lajes da comunidade até chegar à casa de um parente. Os policiais que estavam no helicóptero informaram a direção para onde ele seguiu e orientaram a equipe que estava em terra, que fez o cerco à região, chegando à casa de uma tia dele. Ele foi capturado escondido embaixo de uma cama".

Macaquinho também é investigado por homicídios.

"É notório e já foi noticiado pela mídia que ele supostamente fazia parte do Escritório do Crime, que teria sido responsável por diversas mortes, inclusive a da vereadora Marielle Franco. Os assassinatos estão sendo investigados pela Delegacia de Homicídios", apontou William Pena Júnior

A captura foi realizada pela força-tarefa criada há 11 meses para combater a milícia no estado, formada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). 
Desde então, a força-tarefa realizou 105 operações, que resultaram em 751 prisões, 25 suspeitos mortos e R$ 2 bilhões apreendidos ou bloqueados por decisão judicial.