Bruno Leonardo Vidal de Almeida foi morto na manhã desta sexta-feira enquanto ia para o trabalhoReginaldo Pimenta/ Agência O DIA
Família pede justiça durante enterro de frentista morto em tiroteio entre PMs e traficantes
Bruno Leonardo Vidal de Almeida, de 39 anos, morreu após ser baleado em Tomás Coelho, por volta das 5h de sexta-feira, quando saía para trabalhar em um posto de combustíveis no Caju
Rio - A família do frentista Bruno Leonardo Vidal de Almeida, de 39 anos, morto em uma troca de tiros entre policiais militares e traficantes do Morro do Urubu, pediu justiça durante o velório. O corpo dele foi enterrado na tarde deste sábado, 2, no cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. A vítima foi atingida por um disparo em Tomás Coelho, por volta das 5h de sexta-feira, quando saía para trabalhar em um posto de combustíveis no Caju, Zona Portuária do Rio.
Antônio Carlos da Cunha, tio de Bruno, disse que o sobrinho era trabalhador e pai de família. "Aquele garoto era como um filho meu. Ele foi morto numa incursão da polícia com os bandidos. Estava descendo para o trabalho [...] Infelizmente, ele faleceu. A polícia tem que fazer operação, sim, mas tem que fazer operação com inteligência. Está morrendo muita gente nesse tipo de operação policial".
O irmão de Bruno, Valter Luiz Vidal, disse, novamente, que deseja que a perícia investigue como ocorreu o crime. Ele também enfatizou que quer a verdade sobre o caso. "O bandido já estava rendido no chão, não tinha mais troca de tiros, veio um policial e bateu no ombro de outro policial e falou: 'Vai lá, vai lá, vai lá'. O policial saiu na direção do carro, onde estava o meu irmão, e deu mais um tiro", explicou Valter. Segundo ele, quando o último tiro foi disparado, não havia mais tiroteio no local.
"Como que uma pessoa correndo ou se abrigando de um tiro consegue cair com o corpo esticado, com a cabeça encostada na parede e com um tiro no ombro, atravessando o peito? Se uma pessoa estivesse correndo, ela iria cair em qualquer posição. Nunca ela ia cair deitada com as pernas esticadas, com a cabeça na parede e um par de chinelos Havaianas do lado do corpo".
"Não tem como ele ter sido baleado e aparecer do lado de um carro esticado com um par de Havaianas do lado. Como que no vídeo aparece ele atrás do carro se abaixando por causa dos tiros, e a gente pega ele morto esticado na calçada?", questionou Valter cobrando explicações sobre a morte de Bruno.
Na ação, militares correm pelas ruas atirando, o frentista de 39 anos chegou a se abaixar atrás de um carro, mas foi atingido. Os agentes correram e ele morreu ainda no local. A Polícia Militar afirma que o disparo partiu dos criminosos.
O que diz a PM
O tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da PM, afirmou que o morador foi baleado no momento em que uma viatura da Polícia Militar foi atacada. O veículo estava baseado no condomínio dos Correios, localizado em uma rua que dá acesso ao morro. Os criminosos tentaram fugir pelo condomínio e atiraram contra os policiais da viatura. Os disparos que mataram o morador teriam partido dos criminosos, segundo a corporação.
Em nota, a PM informou que, na manhã de sexta-feira, 1º, policiais militares do 3ºBPM (Méier), com apoio de equipes do 1ºCPA, realizaram a ocupação da Comunidade do Urubu, em Pilares, Zona Norte do Rio. Segundo a corporação, criminosos armados que tentavam fugir pelo condomínio dos Correios atacaram uma viatura que estava no cerco, baleando um policial no pé e um morador, que evoluiu ao óbito.
"O policial foi socorrido ao Hospital Salgado Filho. O local foi preservado e a perícia foi acionada. Um criminoso também foi atingido e encaminhado à mesma unidade de saúde. Com ele, uma pistola foi apreendida", acrescentou a corporação.
Ainda conforme a PM, a ocupação ao morro do Urubu vai prosseguir até segunda-feira, 4, e "tem como objetivo impedir que criminosos roubem veículos nos bairros vizinhos, número que vem subindo naquela região".
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