Anvisa afirmou não ter sido consultada sobre a ampliação e publicou uma nota de esclarecimentoDivulgação

Rio - Até o início da tarde desta quarta-feira (17), a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES) ainda não havia sido comunicada oficialmente pelo Ministério da Saúde sobre a aplicação da terceira dose da vacina contra a covid-19 para adultos. O anúncio da ampliação da imunização com a terceira dose para toda a população do país acima de 18 anos, que tenha tomado a segunda dose há mais de cinco meses, foi feito nesta terça-feira (16) pelo ministro Marcelo Queiroga.
A SES é responsável pela distribuição das doses aos 92 municípios, de acordo com o público prioritário elencado no Plano Nacional de Imunização (PNI). A pasta afirmou que vai seguir as recomendações do Ministério da Saúde, como fez ao longo de toda a campanha de vacinação contra a covid-19. Além de depender do comunicado oficial para planejar a distribuição, a Secretaria também depende do envio de doses, já que as vacinas são compradas pelo Ministério da Saúde e enviadas aos estados.
Na cidade do Rio, a expectativa do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, era começar a campanha da dose de reforço para pessoas com 50 anos a partir de janeiro do próximo ano. Entretanto, a Secretaria Municipal de Saúde informou que também aguarda o comunicado oficial do Ministério da Saúde para planejar a terceira dose para os adultos. Ao todo, foram aplicadas 995.591 doses de reforço na cidade para o público-alvo. Até o sábado (20), há repescagem para idosos com 60 anos ou mais.
Um impasse entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde pode ser o motivo da demora para o comunicado. Após o anúncio de Queiroga, a Anvisa afirmou não ter sido consultada sobre a ampliação do público para a dose de reforço e publicou uma nota de esclarecimento, em que diz reconhecer e estimular os movimentos para ampliação da vacinação contra a doença e que a medida reforça que a imunização é a forma mais eficaz para prevenir o novo coronavírus.
Entretanto, a Agência afirma que a decisão sobre a dose de reforço deve considerar o cenário epidemiológico, os estudos de efetividades, a circulação das cepas variantes e a segurança das vacinas, bem como uma "efetiva estratégia de monitoramento das reações adversas e captação de sinais de interesse para a farmacovigilância".
"Antes de incorporar a dose de reforço das vacinas, países como Estados Unidos, Canadá, Indonésia, Grã-Bretanha, Israel, membros da Comunidade Europeia e outros submeteram a estratégia à avaliação prévia das suas autoridades reguladoras. Primariamente, a terceira ou dose de reforço foi indicada para pessoas com sistema imunológico enfraquecido, idosos e profissionais de saúde", explicou a Agência.
A nota diz ainda que a Anvisa vem discutindo com todas as empresas desenvolvedoras e instituições sobre as ações de monitoramento e sobre estudos clínicos para confirmar a eficácia e segurança da dose de reforço dos imunizantes aplicados no Brasil.