Estado confirma cinco mortes pelo vírus da gripe em 2021
Cidades da Região Metropolitana enfrentam epidemia da doença
Rio,17/12/2021-TIJUCA,Centro Municipal de Saude Heitor Beltrao , dia de vacinacao contra a gripe ,movimentao no posto de saude da Tijuca, na foto. Matheus Rodrigues Queiroz.Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia - Cleber Mendes/Agência O Dia
Rio,17/12/2021-TIJUCA,Centro Municipal de Saude Heitor Beltrao , dia de vacinacao contra a gripe ,movimentao no posto de saude da Tijuca, na foto. Matheus Rodrigues Queiroz.Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cleber Mendes/Agência O Dia
Rio - A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que, este ano, foram registrados cinco óbitos por H3N2, subtipo do vírus da gripe, em território fluminense. Em 2020, foi notificado um óbito causado por este subtipo e, em 2019, dois óbitos. Já o vírus da gripe suína (H1N1) causou 63 mortes registradas pelo estado em 2019.
O médico pneumologista, Hermano de Castro, pesquisador titular da Fiocruz e ex-diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, explica que a explosão de casos é uma especificidade do vírus, que é do subgrupo Darwin, uma cepa, segundo ele, mais resistente. O especialista conta que no Brasil, são esperadas entre 800 a mil mortes por ano causadas pela doença.
Castro detalha ainda que este é um surto de gripe atípico, já que normalmente, casos da doença surgem no inverno. Segundo ele, o retorno gradual da população às suas atividades, graças a vacina contra a covid-19, fez com que o vírus da influenza se espalhasse mais rápido, pois há mais circulação de pessoas nas ruas e um relaxamento quanto às medidas sanitárias individuais. Ele diz que a população tem dado preferência à vacina contra o coronavírus, mas não deve esquecer de procurar o imunizante contra a gripe.
"No dois últimos invernos estávamos nos protegendo da covid e em contrapartida, nos protegíamos também de qualquer virose. Esse retorno e um certo relaxamento do uso de máscara em ambientes abertos, por ter uma baixa transmissão, é um facilitador e acabou permitindo o crescimento de um novo vírus porque a cobertura vacinal é baixa", contou.
Castro também diz que a cultura de vacinação contra a gripe de pessoas jovens é algo novo e por isso, a cobertura vacinal ainda não é a ideal. Além disso, o grupo de risco para a doença, são idosos e crianças. As recomendações do especialista para evitar a contaminação do H3N2 são similares às divulgadas para evitar o coronavírus.
"A gente tem falado para os pacientes aqui na Fiocruz a mesmas medidas do covid, principalmente o uso de máscara em ambiente fechado, como o transporte público. Um espirro, uma tosse, pode jogar longe o vírus até no falar, então o distanciamento e a máscara são as medidas sanitárias que devem ser tomadas. Assim como ajudam no covid, ajudam no vírus da influenza, são medidas sanitárias semelhantes", finalizou.
Nesta sexta-feira, cariocas continuaram indo aos postos para tomar a vacina contra a gripe. Matheus Rodrigues, entregador, de 26 anos, foi ao posto Heitor Brandão, na Tijuca, Zona Norte do Rio, para ser imunizado. Ele contou que a mulher e os filhos também já se vacinaram.
"Eu acho muito importante tomar a vacina pra gente ficar protegido. Eu que sou entregador de aplicativo, lido diretamente com o público. Então, pra mim é de suma importância a vacinação. Desde criança vacino o meu filho também, procuro não deixar atrasar porque é importantíssima pra gente estar sempre seguro", disse.
O dentista e ator Denys Vasconcellos, de 42 anos, também foi se vacinar no local e classificou o processo de imunização como um cuidado coletivo. Segundo ele, a mulher e a filha já foram imunizadas e esta sexta foi a sua vez. "A vacinação só tem realmente uma efetividade se todo mundo se comprometer [...] sou um profissional da saúde também e estou feliz de ter tomado minha vacina e contribuído um pouquinho. Que seja para a saúde da nossa comunidade", finalizou.
Verônica Rey, professora de 52 anos, é hipertensa e diabética, além disso, passou por um tratamento de câncer do colo do útero. Ela foi ao posto junto com o filho Thiago Rey, de 16, que também é diabético e tem asma. Ambos são grupo de risco. "É muito importante a imunização em qualquer momento da vida. Neste momento então temos que nos proteger e fazer a nossa parte. Eu e meu filho somos grupo de risco e por esse motivo sempre tomamos a vacina da gripe. Neste momento então não ficaríamos sem tomar", contou.
Na última terça-feira (14) a SES informou que, diante das manifestações a respeito do aumento de casos de gripe nas últimas semanas, a Região Metropolitana do Rio enfrenta uma epidemia do vírus influenza A (H3N2). A classificação é adotada quando há a ocorrência coletiva de uma doença que rapidamente se espalha, por contágio direto ou indireto até atingir muitas pessoas em um determinado território e que se extingue após um período.
Para aumentar a capacidade de atendimentos em casos de gripe, a SES instalou tendas em cinco UPAs 24 horas: Marechal Hermes, Tijuca, Botafogo, Jacarepaguá e Penha. A iniciativa integra o plano de contingenciamento à epidemia na capital fluminense, que também inclui o reforço nas equipes médicas dentro da rede estadual.
As tendas funcionam todos os dias, das 7h às 19h. Só na última sexta-feira (10), as UPAs e as novas unidades realizaram 2.102 atendimentos contra a gripe. O cronograma inicial prevê que a mobilização permaneça durante todo o mês de dezembro, mas poderá sofrer alteração em caso de melhora ou piora do surto da doença.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que foi observada uma queda de 16% no número de atendimentos de pacientes com síndrome gripal nas unidades de urgência e emergência em relação à semana passada. Segundo a pasta, entre os dias 13 e 15 de dezembro, foram realizados 34,7 mil atendimentos de síndrome gripal na rede municipal de assistência. As regiões da cidade com mais atendimentos foram as APs 3.1 (região da Leopoldina), 4.0 (Barra e Jacarepaguá) e 5.2 (Campo Grande).
Segundo o Boletim InfoGripe da Fiocruz, ao contrário dos demais estados — onde os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave são, em sua maioria, casos positivos para covid-19 —, o vírus Influenza é predominante no Rio de Janeiro. O cenário é o mesmo para crianças e adultos.
Para o enfrentamento desse cenário epidemiológico, a SMS informou que tem intensificado a campanha de imunização contra a gripe dos cariocas, de acordo com a disponibilidade de doses. Em 2021, o total de imunizados é de mais de 2,7 milhões de pessoas, de acordo com a pasta.
Além disso, seis centros de atendimento a pacientes com sintomas gripais e testagem viral foram abertos pela prefeitura. Todos os pacientes com indicação clínica são testados para covid-19, com menos de 1% de positividade para a doença. As pessoas com sintomas gripais leves também podem procurar uma das 230 unidades de atenção primária (clínicas da família e centros municipais de saúde) para obter o primeiro atendimento.
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