Vítor Reis de Amorim era lutador de boxe e muay thaiReprodução Instagram

Rio - A reprodução simulada da morte do lutador Vítor Reis de Amorim, realizada em São Gonçalo, Região Metropolitana, na tarde desta terça-feira, identificou o local onde o jovem foi atingido quando tentava fugir dos tiros. Segundo o delegado responsável pelo caso, Leonardo Macharet, da 73ª DP (Neves), ele teria corrido para cima de uma laje no momento dos disparos. "O laudo apontou que o tiro entrou na lateral direita e saiu pelo ombro. Hoje na reprodução foi possível identificar o motivo dessa inclinação. Foi porque o Vítor estaria em uma laje um pouco mais acima, por isso a inclinação. Vamos aguardar agora o resultado da perícia", disse Macharet, após participar da reprodução que durou cerca de uma hora. Paralelamente, o Ministério Público do Rio informou que investigará o caso independente da Polícia Civil.
Ainda segundo o delegado, o local ainda está sujo de sangue. O material foi coletado para que a perícia confirme que o sangue realmente é do Vítor. Além disso, através da reprodução, foi possível elucidar a dinâmica da ocorrência com a visão dos traficantes e dos policiais militares durante o confronto. Foram tiradas fotos com os dois ângulos para que a análise fosse feita. O objetivo da reconstituição não é só saber sobre o projétil que atingiu o lutador, mas também esclarecer todos os pontos que levaram à sua morte.
Macharet afirmou, nesta terça, que já intimou o pai do lutador, Vanelci Ferreira de Amorim, de 58 anos, para ter mais esclarecimento sobre o modo de vida do jovem e a suposta ou não participação dele no tráfico. "Todo esse histórico familiar dele que também é importante na investigação. No mais, se tiver mais diligências a serem esclarecidas faremos acareações necessárias", completou o delegado.
Ao DIA, o pai do lutador disse que só irá comparecer à delegacia após uma reunião com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que está marcada para a próxima sexta-feira (7). Uma nova testemunha também será intimada nos próximos dias para contar o que viu no dia do suposto confronto entre policiais e traficantes. 
Ministério Público investiga o caso independente da Polícia Civil
A 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial do Núcleo São Gonçalo informou, nesta terça-feira, que instaurou Procedimento Investigatório Criminal (PIC), no qual realiza investigação independente da Polícia Civil sobre os fatos. Segundo o Ministério Público do Rio, agentes do Grupo de Apoio aos Promotores de Justiça (GAP/MPRJ) já estiveram no local, com a finalidade de identificar testemunhas e fazer levantamento das câmeras de segurança para possível recolhimento de imagens que possam auxiliar na investigação.
A promotoria também está em contato com o pai da vítima e que toda prova produzida no inquérito policial também será analisada e aproveitada junto ao PIC instaurado.
Pai diz que vai provar inocência de filho
O pai de Vítor Reis clama por justiça, mas teme que a morte do seu filho fique impune. "O que eu espero é que eles vejam que o meu filho foi inocente. É só isso que eu quero, não quero nada demais, não. Só quero que seja provado que meu filho não era bandido. Mas eu sei que é difícil, será mais um caso que vai ficar e daqui a pouco vai ser outro e nunca nada é resolvido. O problema é esse", lamentou Valneci, que completou:
"Ele nunca foi bandido e isso daí eu tenho certeza absoluta. Eu to botando minha cara pra falar, como eu já disse pra todo mundo, que se meu filho fosse um bandido, jamais estaria nessa batalha. Mas de repente vai ser mais um na estatística, como todo mundo fala. No fundo do meu coração, espero que a verdade apareça".