Imagens de câmeras de segurança mostram o congolês Moïse Kabagambe sendo espancado até a morte Reprodução

Rio - O Ministério Público do Rio (MPRJ) informou que pediu, nesta quinta-feira (10), diligências complementares às da Polícia Civil sobre o assassinato do congolês Moïse Kabagambe. O pedido aconteceu após encontro com familiares do congolês e a divulgação de novas imagens das câmeras de segurança do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. No entanto, o parque fluminense informou que não quer dar detalhes para não prejudicar a investigação.
"Nós temos um prazo, porque existem pessoas presas, indiciadas pelo crime. Então, o Ministério Público acompanha. Fora daquilo que estava escrito na portaria do delegado, nós pedimos outras diligências complementares e nós estamos em contato direto com o delegado para poder concluir isso o mais rápido possível", disse o promotor Alexandre Murilo Graça, após reunião com familiares de Moïse e com o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, e o promotor que está à frente do caso.
Novas imagens revelam que na noite do dia 24 de janeiro, quando Moïse Kabagambe foi morto, outras pessoas estiveram presentes na cena do crime. Ao longo de cerca de três horas, um homem puxa as pernas do congolês e outro leva embora o taco usado no crime. Um homem chega a tirar uma foto da vítima imobilizada. A venda de bebidas no estabelecimento continuou normalmente, mesmo com o corpo estendido no chão.

Os três criminosos que já estão presos não estavam sozinhos com o jovem de 24 anos no quiosque. Outras pessoas presenciam e algumas participam de alguma forma, segundo a polícia, do que acontece em torno de Moïse.
O caso
A vítima foi espancada até a morte por cinco homens, com golpes de madeira e taco de beisebol, após cobrar um pagamento atrasado no quiosque Tropicália. Ele foi encontrado em uma escada, amarrado e já sem vida. De acordo com a DHC, imagens de câmeras instaladas no local foram analisadas, testemunhas estão sendo ouvidas e os agentes continuam levantando informações para esclarecer o caso, identificar e prender os autores do crime. A Polícia também informou que a investigação vai seguir agora sob sigilo.
Veja os vídeos: aviso de imagens fortes
Repercussão
A morte brutal de Moïze Kabamgabe segue repercutindo entre os grupos e instituições que atendem os refugiados no país. O Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio da Cáritas (PARES Cáritas RJ), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), informaram que vão acompanhar o caso.
O Abuna, uma organização sem fins lucrativos, também repudiou o ocorrido. "O Abuna repudia este ato de covardia, brutalidade e xenofobia. Nos unimos à família de Moïse e demandamos justiça. Barbáries como esta não podem acontecer. Crimes como este precisam acabar. Nossa oração é por consolo aos familiares da vítima, para que o Espírito Santo enxugue cada lágrima. Neste dia, nós choramos com a querida comunidade congolesa no Brasil".
Moïse tinha 24 anos e chegou ao Brasil ainda criança, acompanhado de seus irmãos. No país, ele e sua família foram reconhecidos como refugiados pelo governo brasileiro. Segundo o Programa, ele era uma pessoa muito querida por toda a equipe do PARES Caritas RJ, que o viu crescer e se integrar.
Parentes e amigos também pediram rigor na investigação da morte do congolês. "Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Morreu no Brasil. Quero justiça", afirmou Ivana Lay, mãe de Moïse, em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.