Imagens flagram o momento do furtoReprodução / Redes Sociais

Rio - O secretário de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Mário Filho, disse na manhã desta sexta-feira que foi instaurado um inquérito para apurar a conduta dos militares que foram flagrados em imagens de câmeras de segurança revirando e furtando a casa de moradores da comunidade Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio. O coronel classificou atitude criminosa como "inaceitável" e afirmou que os envolvidos podem até ser expulsos da corporação. O caso aconteceu na última segunda-feira (7).
"A corporação sempre apurou os fatos com transparência e rigidez. Nos últimos dez anos, a Polícia Militar excluiu do seu quadro 1.500 homens e isso mostra todo nosso rigor, transparência e nossa conduta correta na apuração de qualquer fato. Foi aberto um IPM, Inquérito Policial Militar, talvez o caso seja submetido ao Conselho de Disciplina, que poderá optar pela expulsão deles ou não. Esse é o processo, o trâmite da PM", afirmou o secretário de Polícia Militar ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.
Aos investigadores, o proprietária da residência, que mora no local com o marido, disse que os policiais furtaram uma caixa de som, um vidro de perfume, um quilo de carne congelada e oito caixinhas de água de coco. Além disso, ela afirmou que os PMs não tinham mandado de busca ou qualquer flagrante que justificassem a entrada no imóvel.
"Essas imagens, a conduta desses policiais são inaceitáveis e inadmissíveis dentro da Polícia Militar. A gente não aceita e não compactua com isso. Uma conduta inaceitável que está sendo apurada de forma muito rígida. É crime com certeza, inaceitável. Ontem mesmo, a partir do momento que tivemos acesso às imagens, a Corregedoria foi acionada, as imagens já estão sendo analisadas, acionamos a nossa perícia para a identificação de vozes. Já foi feito o contato através da Corregedoria com a Auditoria Militar. Então, todos os trâmites para uma apuração rigorosa e transparente estão sendo adotados", informou o coronel Luiz Henrique.
Os policiais envolvidos no caso já foram identificados pelo Conselho Disciplinar da Polícia Militar. Segundo o coronel Luiz Henrique, os nomes dos agentes ainda não foram divulgados porque as apurações ainda estão na fase preliminar e não querem cometer nenhum tipo de injustiça.

"Estamos na fase inicial da apuração. Cada integrante dessa equipe foi ouvido ontem à tarde na Delegacia de Polícia Judiciária para que a gente pudesse visualizar a conduta de cada um e identificar. Então, estamos no processo para que também não se cometa nenhum tipo de injustiça. Nós temos total interesse de apurar isso com todo rigor e com total transparência até porque a sociedade merece uma resposta desse fato", disse o secretário, que informou que ainda teve acesso ao conteúdo dos depoimentos.
O morador teria decidido instalar um circuito de segurança com transmissão em tempo real depois de, segundo ele, sua casa ter sido revirada por agentes em outras dez ocasiões.
O coronel Luiz Henrique explicou que a presença dos militares na comunidade foi planejada. "Não era uma operação de rotina, era planejada. Tinha o objetivo de evitar uma guerra de facções naquela região. Nós tínhamos a informação da área de inteligência e fatos que tinham acontecidos ao longo da semana de guerra de facção naquela região, de invasão de uma quadrilha rival. Então foi uma operação planejada. À princípio, a investigação aponta que nós temos policiais do Choque e do BAC, mas estamos analisando as imagens com todo critério, recebemos dois vídeos, para que não cometermos nenhum tipo de erro na apuração".
Medo de represálias
Os moradores da casa invadida pelos policiais dizem cogitar sair do local por medo de represálias. A afirmação foi divulgada pelo RJ2, da TV Globo, na noite desta quinta-feira. De acordo com o proprietário da residência, ele a esposa pensam em se mudar para evitar possíveis transtornos futuramente, já que denunciaram os agentes à corregedoria da PM.