Achei completamente desnecessário esse aumento agora, desabafou o professor Diego RoffesMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - O aumento das passagens dos ônibus intermunicipais gerou insatisfação entre os passageiros que dependem do transporte público para se deslocar entre os municípios da Região Metropolitana. No último dia 25, o Departamento de Transportes (Detro-RJ) publicou uma portaria anunciando reajustes no modal, a partir do dia 1º de março. Nesta quarta-feira (2), primeiro dia útil após o feriado de Carnaval, a nova tarifa surpreendeu negativamente os usuários que aguardavam por condução no Terminal Américo Fontenelle, na Central do Brasil.


O professor Diego Roffes, de 37 anos costumava pagar R$ 9,15 para viajar da cidade de Mesquita, onde mora, na Baixada Fluminense, para o Centro do Rio, e hoje precisou desembolsar R$ 10,05 no trajeto da linha 478B (Central x Mesquita) da auto viação Vera Cruz. Para ele, o serviço prestado pelas empresas não condiz com o valor cobrado. Ele conta que apesar do ponto do ônibus ser muito próximo à sua casa, ele quase sempre prefere andar 20 minutos para pegar os trens, porque o coletivo demora muito para chegar.

"Além de revolta, já que é um serviço ruim para a gente, já que não dá para contar com esse ônibus para trabalhar, sempre foi uma passagem cara e demora muito a passar. Quem mora na Baixada, tem que ficar escolhendo transporte mais barato, senão não consegue emprego. Não há qualidade na prestação do serviço, parece que o cidadão só paga e não tem o direito de ter algo com zelo para ele. Eu não aguento mais aumento de nada, principalmente de serviços básicos como transporte. O bolso não aguenta. Achei completamente desnecessário esse aumento agora, poderia ser adiado até a situação dar uma melhorada para todos nós", desabafou o professor.

O sentimento é o mesmo para os usuários da linha 416C (Parque São José x Central) da auto viação Reginas. Quem pagava R$8,75 de tarifa, pagou R$ 9,50 nesta quarta-feira. A cuidadora Fabrícia Moraes, de 43 anos, faz o trajeto todos os dias, saindo de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, para ir trabalhar no município do Rio. Segundo ela, além da demora para a chegada do ônibus, a infraestrutura dos veículos não oferece conforto à população.
"Os ônibus sem ar (condicionado), todo fechado e não tem horário fixo pois ficamos horas no ponto pra pegar ele e quando vem, está lotado. A passagem um absurdo, quando chove não podemos sentar, porque você não sabe se está chovendo dentro ou do lado de fora. Ninguém faz nada pela gente, só tem essa linha de ônibus aqui que faz Central. Sentimento de desprezo com a população", lamentou Fabrícia. O relato foi reforçado pela também cuidadora de idosos, Luciene dos Reis, 51, que usa a mesma linha diariamente para trabalhar na capital fluminense.

"A gente passa um mau pedaço com esse ônibus. Tem dia que tem, tem dia que não tem. Agora, aumentam a passagem. Quando está chovendo, não tem onde sentar de tanta goteira, e quando está calor, não tem ar-condicionado. Não tem conforto nenhum e não tem horário, eles passam no horário que eles acham que tem gente no ponto. É uma porcaria e só tem essa linha lá. É um absurdo. Esse ônibus não tem nada de bom para que a passagem aumente." A reportagem do DIA tenta contato com as empresas. 
Inicialmente, as tarifas seriam reajustadas da seguinte maneira: 18,51% para ônibus entre municípios da Região Metropolitana; 11,13% para serviços urbanos não metropolitanos; e 7,74% para ônibus rodoviários não metropolitanos. Mas por conta da crise econômica, o Governo do Estado determinou um reajuste menor para não pesar no bolso dos passageiros.
Os reajustes ficaram da seguinte maneira: 10% para ônibus que circulam pela Região Metropolitana; 6% para ônibus urbanos não metropolitanos; 4,18% para ônibus rodoviários não metropolitanos. Entram no cálculo as regiões por onde circulam os ônibus, a média de passageiros transportados e os tipos de veículos utilizados. O último reajuste havia sido há mais de três anos.
Outros aumentos
Além de sofrer com aumento nas passagens do ônibus, quem depende do transporte público, já vinha sentindo no bolso o reajuste na tarifa das barcas. No último dia 12, o valor da travessia Praça Quinze (Rio) x Arariboia (Niterói) passou de R$ 6,90 para R$ 7,70. O trajeto realizado por catamarã subiu de R$ 19 para R$ 21. Já a tarifa do trajeto Praça Quinze - Paquetá e Praça Quinze - Cocotá também subiu para R$ 7,70. As barcas com destino a Mangaratiba, Ilha Grande e Angra dos Reis, municípios da Costa Verde Fluminense, passaram de R$ 18,40 para R$ 20,50. O último aumento das tarifas aconteceu em fevereiro de 2021.
Os passageiros também precisam se preparar para outros aumentos. No dia 25 de fevereiro, o Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), reconheceu o direito contratual da concessionária MetrôRio de reajustar o valor das passagens para R$ 6,80, a partir de 2 de abril. A SuperVia também pretendia aumentar sua tarifa para R$ 7, mas o Governo do Estado barrou o reajuste.
Homologado em dezembro pela Agetransp, o novo valor de tarifa estava previsto para passar a valer em 2 de fevereiro, mas foi adiado para o dia 4 de março. Até lá, a passagem segue custando R$ 5. Na última quinta-feira (24), a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e a Defensoria Pública encaminharam um ofício ao secretário estadual de Transportes, André Nahaas, cobrando um encontro imediato para discutir o reajuste proposto pela SuperVia.