Moïse foi vítima de uma barbárieDivulgação

Rio - Após conversas com o secretário municipal de Fazenda do Rio, Pedro Paulo, familiares de Moïse Kabagambe aceitaram administrar um ponto no Parque Madureira, na Zona Norte do Rio. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento (SMF) nesta terça-feira (15), que ainda não divulgou quando o estabelecimento será inaugurado. O congolês, de 24 anos, foi espancado até a morte no último dia 24 de janeiro, no quiosque Tropicália, na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

A decisão pelo local foi feita em conjunto entre a pasta e os parentes de Moïse Kabagambe. Inicialmente, a Orla Rio havia oferecido o Tropicália para ser comandado pela família. Entretanto, em uma reunião no dia 15 de fevereiro, eles declararam a preferência por operar em um outro local, por não se sentirem confortáveis em assumir a operação do quiosque que vai ficar ao lado do memorial ao jovem.

Mesmo com a recusa pelo ponto no local da tragédia, a concessionária manteve as condições de compromisso ofertadas, que autorizam o uso de um espaço comercial até 2030, com isenção de aluguel, todo o suporte jurídico e contábil, além de treinamento para a gestão do local. Dessa forma, foram apresentadas outras alternativas para os familiares, que optaram pelo quiosque no Parque Madureira.
Familia de Moïse Kabagambe aceitou administrar quiosque no Parque Madureira - Marcos Porto/Agencia O Dia
Familia de Moïse Kabagambe aceitou administrar quiosque no Parque MadureiraMarcos Porto/Agencia O Dia


No dia 23 de fevereiro, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) solicitou, por meio de um inquérito civil, que a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Orla Rio informassem quais medidas serão adotadas para indenizar a família de Kabagambe. O prazo para resposta é de 30 dias. O MPRJ destacou que se trata de um caso em que é patente a violação de direitos humanos de Moïse e que é papel das instituições de garantias velar pela adoção de medidas de proteção para o resguardo de Direitos Humanos.

No último dia 22, a Justiça do Rio aceitou a denúncia contra os acusados pela morte do congolês. Na decisão, a juíza Tula Correa de Mello, titular da 20ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, pediu a prisão preventiva dos envolvidos no assassinato, sendo eles Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, Brendon Alexander Luz da Silva e Fábio Pirineus da Silva. Com a aceitação da denúncia do MPRJ, o trio virou réu pela morte de Moïse.

Crime que chocou o país

Moïse foi espancado e morto, de acordo com relatos colhidos pela Polícia Civil, durante um desentendimento, após o jovem cobrar valores de duas diárias de trabalho no quiosque. O crime gerou grande comoção com repercussão nacional e internacional, protestos e até relatos de ameaças de familiares do congolês, que chegaram a dizer que teriam sido inibidos ao ir até o local para protestar e mostrar a indignação pelo assassinato brutal.
Organizações de Defesa dos Direitos Humanos, Grupos Antirracistas e outras entidades de grande importância, bem como artistas e autoridades foram às redes sociais protestar contra o crime. O caso chamou a atenção das autoridades sobre condições de trabalho insalubre, maus tratos, abusos e não cumprimento de leis trabalhistas para com os imigrantes que residem na capital fluminense, que vieram fugindo de guerras e conflitos políticos na esperança de um recomeço no Brasil.