Policial Civil foi encontrado morto, dentro do carro, em Del Castilho, na manhã de terça-feira (22). Fabio Costa/ Agência O Dia

Rio - Entre julho de 2016 e março de 2022, a Região Metropolitana do Rio registrou 1.501 agentes de segurança baleados. O levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado aponta que entre as vítimas, 555 delas acabaram morrendo e outras 946 ficaram feridas. Dessa forma, 22 deles foram alvos de disparos de arma de fogo por mês, em média. O estudo inclui policiais militares, civis, federais e penais, agentes das Forças Armadas e do programa Segurança Presente, além de bombeiros militares e guardas municipais.
Nos quase seis anos, 54% dos agentes baleados não estavam em serviço, sendo 684 fora do horário de trabalho e 126 aposentados ou exonerados. Três deles não tiveram o status de serviço divulgado. O mapeamento do perfil da violência armada começou a ser realizado pelo do Fogo Cruzado no Grande Rio em 5 de julho de 2016. Na ocasião, o sargento da PM Alexandre Moreira de Araújo, de 44 anos, foi a primeira vítima de disparo de arma de fogo registrada pelo Instituto.
A marca de 1,5 mil agentes baleados foi superada nesta quarta-feira (23), mesmo dia em que o Governo do Estado divulgou o plano de redução da letalidade policial. A medida cumpre uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de fevereiro deste ano.  "Apesar da solução apresentada, o plano apresentado nesta quarta-feira ainda não é um plano de segurança pública, e não estabelece detalhes sobre cronograma, metas e verbas necessárias para passar a valer. O fato de haver todos esses agentes de segurança vitimizados só evidencia a urgência de pôr em prática ações que priorizem a vida", analisou a diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira. 

Nesta quarta-feira, dois PMs foram baleados durante troca de tiros no Morro do Escondidinho, em Santa Teresa, no Centro do Rio. Segundo a Polícia Militar, os policiais faziam patrulhamento nas imediações da comunidade, quando foram atacados a tiros. Os dois tiveram ferimentos leves e foram atendidos no local. Na terça-feira (22), o policial civil Nilson de Souza Maia, de 59 anos, foi encontrado morto dentro de um carro, após ser baleado em Del Castilho, na Zona Norte. A Delegacia de Homicídios da Capital tem como principal linha de investigação o latrocínio, roubo seguido de morte.

Os PMs são a categoria mais afetada pela violência armada, representando 84% do total, com 1.254 baleados no período analisado. Entre o grupo, 431 deles acabaram não resistindo e 823 ficaram feridos. Em seguida, estão os policiais civis, com 85 baleados; 69 eram das Forças Armadas; 30 bombeiros; 28 agentes penitenciários; 17 policiais federais; 11 guardas municipais; e sete agentes do Segurança Presente. O alto número de PMs baleados em relação ao restante dos agentes confirmam que são a categoria que mais mata, mais morre e mais tem chances de sofrer transtornos psicológicos graves.