Durante protesto, Maria de Lourdes, esposa da vítima, chorou pela perda do companheiroMarcos Porto/Agencia O Dia
Na ocasião, a mulher alegou que ouviu muitos tiros cerca de dois minutos após a saída de Diego para trabalhar. Após o fim dos disparos, Maria Ysis foi para a entrada da casa, onde fica a sua pia de louças para lavar uma panela e, por impulso, resolveu olhar para trás, onde há um beco. Ali, ela teria visto um corpo caído no mato, e não conseguiu ver o rosto da vítima.
Em seguida, Maria resolveu ir até o portão tentar verificar quem era a pessoa caída em frente à sua casa. Foi nesse momento que, conforme seu relato, um PM pediu que ela retornasse. A mulher perguntou se o policial havia visto algum trabalhador descendo o morro no momento dos disparos e o agente negou, ressaltando que a chamaria para reconhecer o corpo. Ela, então, entrou em casa e ouviu vozes no beco.
"Eu entrei, mas comecei ouvir vozes no corredor de novo e as vozes diziam assim: 'pega essa coberta aí', porque tinha um quintal do lado do beco que tinham umas roupas no varal. Eles falaram: 'pega essa coberta aí, cobre o corpo e não deixa ninguém ver' e aí outra voz respondeu 'mas vamos levar para onde?' e o primeiro respondeu 'não interessa, só bota dentro do carro'. Na minha mente, porque a gente mora em morro e já pensa em tudo, eu pensei que iriam levar o corpo e dar sumiço sem ninguém ver", contou Maria Ysis.
Logo depois, a esposa de Diogo resolveu sair de casa mais uma vez, na tentativa de conseguir descobrir se o corpo estava com os policiais, sem sucesso. Durante o segundo contato com o policial, Maria Ysis alegou ter sido ameaça com uma arma.
Chegando ao local com os documentos do marido, ela foi informada sobre a morte de Diego. "Ali eu fiquei sem chão, tive a certeza de que era ele mesmo e que não tinha mais volta. Acabaram com a minha felicidade de antes de tudo, acabaram com tudo, levaram tudo meu. Meu marido era tudo para mim, ele era um príncipe, para falar a verdade. Ele era um bom marido, cuidava da família dele, meu marido fez coisas erradas no passado? Fez, mas estava se consertando, a gente estava no caminho, a gente estava junto num propósito de casar, de ter filhos, aumentar a casa", contou.
Maria e Diego estavam juntos há quase um ano, e haviam se reconciliado recentemente. Eles moravam em uma casa junto com a filha dela, que o considerava como um pai. Os dois estavam com os papéis prontos para oficializarem o casamento.
"Há pouco tempo, ia fazer um ano, a gente se reconciliou, fomos morar juntos, eu trouxe ele para morar na minha casa e estava dando tudo certo. A gente ia casar agora, anteontem (segunda) eu fui no cartório pegar os documentos e ele estava todo contente que ia casar, todo bobo que ia poder se batizar, estava comemorando horrores e aí do nada aconteceu isso. O meu relacionamento com ele era maravilhoso, eu não tenho do que reclamar, a vida dele era voltada a me agradar, tudo que ele fazia era para mim. Ele era maravilhoso e tiraram isso de mim, mas graças a Deus, ele era uma pessoa tão boa que me deixou tão bem amparada, me deixou com pessoas boas pessoas que estão cuidando de mim nesse momento".
Indignada, ela ainda diz que vai lutar por justiça para que Diego não seja só mais um entre as estatísticas e lamenta pelo tratamento dado pela polícia aos moradores de comunidade.
"A gente está exposto o tempo todo a isso aí, hoje foi ele, amanhã quem vai ser? Essa essa palavra que acabei de falar não é só minha, outros antes de mim já falaram. Será que vai se repetir novamente? Amanhã mais uma pessoa vai falar essa mesma frase?"
A Polícia Militar foi questionada sobre o caso, mas apenas respondeu que "de acordo com policiais do 24º BPM (Queimados), criminosos armados atacaram as equipes na comunidade do São Simão, em Queimados, na terça (05/04). Um homem foi ferido e socorrido à UPA da região. Na ação, foram apreendidos um revólver, duas granadas, três rádios e drogas". A PM informou ainda que a corregedoria da corporação está acompanhando o caso.
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